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sábado - 24/01/2009 - 10:49h

Choque entre gerações

Existem profundas diferenças entre o estilo de veraneio de contemporâneo e outro, num passado mais remoto. É o que detecto.

Ouço e observo as duas gerações que cultuam Tibau.

Hoje, o quente é montar torres de som e perturbar a todos com uma enxurrada de forrós de quinta categoria. Ninguém quer saber dos alpendres ou de um simples banho de mar.

Melhor do que namorar, prospera o narcisismo e o desfile de moda.

Antes, a turma reunia-se à beira-mar ou nos morros coloridos, ao som do violão, tomando Rum com Cola-cola e descolando um sarro. Os mais afoitos até se excediam puxando o “baseado”.

Vez por outra aparecia quem fizesse piruetas em carro, em frenéticos cavalos-de-pau.

Enfim, cada um foi e é feliz a seu tempo, graças aos embalos da juventude.

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Categoria(s): Nair Mesquita

Comentários

  1. Aluísio Barros diz:

    Sobre tal tema, escrevi:

    HISTORINHAS DE VERÃO

    Diálogo rápido entre dois “passados na casca do alho”, enquanto a tarde enegrece e as ondas entram no ritmo da maré vazante:
    – Subiu ontem?
    – Tive coragem, não. Melhor ficar em casa… Curtir um som… Amigos chegaram e foram ficando até lá pelas 3 da manhã.
    – Vai hoje?
    – Que nada, meu irmão. Passar na frente do Bar de Zé Félix, nesta temporada, nem pensar!
    – Cê tem razão. Dá não! A auto-estima do cara fica lá embaixo. Todo esforço na academia parece ter sido em vão. É duro! A “meninada” reina absoluta. Tem espaço, não. Fica uma sensação esquisita. Os verões pesam nos ombros e o mundo já não é tão leve como antes.
    – Vai sair na “Troça de Tidó?”.
    – Pode ser uma! O cordão do bloco é pesado demais!
    – Você inventou de fazer a tal reflexão dentro do bloco, foi?
    – Pois é… Pensava que era onda do cara. Mas é complicado refletir. Não se pode pensar em nada dentro de um bloco. Tem que “ir de cara”.
    – É. Talvez dê certo o lance da “Troça”. Vou curtir uma rede. Quando “A noite cai” pode ser uma pedida pra mais tarde.
    – Valeu! Tô chegando, também.
    Pano rápido.
    Realmente, o veraneio tem sido o termômetro, ou desconfiômetro, para os com mais de 30 anos. O tempo passa. Certeza tão inarredável quanto à candidatura de Henrique Eduardo Alves pela Unidade Popular, mesmo que caiam temporais e vendavais sobre as cidades e vilarejos de veraneio no Estado do Rio Grande do Norte.
    Antigamente, ah antigamente! Reinávamos absolutos entre os degraus do Brisa e o Bar de Zé Félix. Éramos donos do pedaço. Trazíamos conosco a certeza da juventude eterna. Efêmera? Pois, pois… No meio do redemoinho quem liga para este tipo de certeza? Queríamos mais era estar dentro de tudo. Não nos considerávamos sequer “meninada”, embora fôssemos, tal qual nos referimos hoje aos reis do “nosso” pedaço de outros verões.
    Na certa, éramos pelo menos mais comedidos do que os de hoje. Talvez pela escassez de informações diante da imensidão dos dias atuais. Mas, não seriam estes “meninos” e “meninas” frutos nossos? Com certeza, pois, direta ou indiretamente, eles gozam de umas certas liberdades que almejávamos naqueles verões já tão distantes. E outras que nem pensávamos existir…
    Vinte anos atrás, um menino e uma amiga da menina que ele namora encontram-se, pelas 7 da noite, na rua principal da Vila de Tibau:
    – E aí, Tereza, A. não subiu com você, não!?
    – Não. A mãe dela não deixou de jeito nenhum. Ela chegou mais de 10 horas ontem. Com muita sorte, talvez ela vá ao CREDA, pra festa de Gomes, sábado.
    – Vixe, Maria! E foi?! E você, vai pra onde?
    – Brincar de mímica lá na calçada de Zé Félix. E você?
    – Vou lá pra Fabiano. Tem um pessoal com violão por lá.
    – Comporte-se, hein!?
    – Deixe comigo!
    E tome cachaça que ninguém também era de ferro.
    Som alto nas casas? Tinha não. Este tipo de parafernália não fazia parte da bagagem de veraneio. Nem tv, nem roupa de marca. Tibau era um paraíso 100 por cento mossoroense: do finalzinho de dezembro até o último batuque de tambor na cidade de Mossoró, que tinha carnavais memoráveis.
    – E aí, vai enfrentar a “Troça de Tido?”

  2. Ceiça Praxedes diz:

    Texto maravilhoso! Para pessoas insuficientes com as palavras como eu, descreveu fidedignamente os pensamentos e as lembranças guardados no fundo d’alma embalados pela nostalgia. Obrigada Aluísio pelo presente. Beijo. Ceiça Praxedes.

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