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domingo - 09/01/2022 - 11:42h

Chuvas podem aliviar perdas de grande reservatório de água

Por Josivan Barbosa

O ano de 2022 se inicia trazendo grandes expectativas para as empresas de agricultura irrigada do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE que necessitam da água da barragem do Castanhão. As chuvas na região do Cariri Cearense e no Alto Jaguaribe nesse início de ano têm contribuído para aumentar a esperança de que o maior açude de uso misto de água do Semiárido possa, após quase uma década seco, voltar a ser o principal fator de desenvolvimento da Agricultura Irrigada no Estado do Ceará.

Castanhão tem ainda baixo nível de armazenamento nesse início de 2022 (Foto: reprodução BCS)

Castanhão tem ainda baixo nível de armazenamento nesse início de 2022 (Foto: reprodução BCS)

A limitação de água no Castanhão prejudicou fortemente a expansão de novas áreas irrigadas e trouxe sérios prejuízos para os produtores de frutas destinados ao mercado externo. Alguns desses produtores foram obrigados a romper os contratos com os importadores e perderam o mercado.

Outros tiveram que procurar água em outras regiões do Semiárido, como o Estado do Piauí que abrigou duas grandes empresas exportadoras da nossa região.

Após as últimas chuvas (08/01/2022), o Castanhão apresenta os seguintes números: cota: 77,02 com aumento de 16 cm em 2022; capacidade acumulada: 8,26% o que equivale a  554 milhões de metros cúbicos; vazão para o Rio Jaguaribe:  6000L; vazão para os perímetros irrigados: 9000 L.

As perdas pós-colheita x falta de contêineres 

Em 2020 as cadeias de fornecimento de frutas e hortaliças viram-se afetadas por profundas dificuldades. Em função da pandemia, houve fechamento de agroindústrias, mas não somente isso. As tensões geopolíticas entre Estados Unidos e China contribuíram para a falta de contêineres e para a redução de fluxos marítimos.

As dificuldades de abastecimento continuaram em 2021, em particular com o bloqueio do Canal de Suez pelo porta contêiner Ever Given por quase cinco meses. O bloqueio imobilizou um grande número de contêineres e navios o que provocou estrangulamentos nos portos de várias partes do mundo.

Produtos precisam de condições adequadas para chegada ao mercado consumidor (Foto ilustrativa)

Produtos precisam de condições adequadas para chegada ao mercado consumidor (Foto ilustrativa)

Essa situação teve enorme repercussão no setor hortifrutícola, ocasionando grandes prejuízos.

Esses reiterados problemas têm levado muitas empresas do setor a armazenar grandes volumes de frutas e hortaliças, evitando assim, qualquer escassez no mercado varejista.

Uma das consequências do atraso de navios é o congestionamento de produtos em função da chegada simultânea, o requer um esforço hercúleo dos operadores para reembalar os produtos que ainda tem qualidade para satisfazer as exigências do consumidor.

A natureza perecível dos frutos e hortaliças tem provocado grandes perdas pós-colheita e de oportunidades de mercado.

Umas das medidas que precisam ser adotadas em 2022 pelos exportadores de frutas e hortaliças é a reserva antecipada (3 a 6 meses) de contêineres para que os contratos com fornecedores e clientes não sejam afetados. Isso vale para os exportadores brasileiros, especialmente os de frutos tropicais que são, na sua maioria, altamente perecíveis e que, portanto, necessitam de contêineres refrigerados como  uva, manga, melão, melancia e mamão.

A competição por contêineres refrigerados provocou aumento dos fretes marítimos, mas o exportador, na maioria dos casos não conseguiu repassar os custos para o consumidor em função dos aspectos econômicos causados pela pandemia.

Diante desses problemas, a gestão da cadeia de fornecimento será neste ano o centro das atenções das empresas do setor de frutas e hortaliças que trabalham com o comércio ultramar.

Aumenta o cultivo de limão Tahiti

O Polo de Agricultura Irrigada RN – CE está avançando no cultivo de limão Tahiti. Depois de ser cultivado na região do Vale do São Francisco (Petrolina – Juazeiro) e no Estado do Piauí na década de 90, o limão Tahiti chega com mais vigor na nossa região. O limão Tahiti já tinha algumas experiências de cultivo em Baraúnas e em Upanema e agora se expande para a microrregião produtora do DIBA (Distrito Irrigado Baixo-Açu) e região de Touros.

A ampliação da área de cultivo de limão Tahiti no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE coincide com uma expansão do volume de exportações de limão brasileiro. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o Brasil embarcou 126,4 mil toneladas de limões e limas entre janeiro e outubro, faturando US$ 108,1 milhões. Volume e receita cresceram 6% em relação a 2020.

A produção de limão para o mercado externo está concentrada no Estado de São Paulo, mas pode se tornar em curto prazo uma excelente alternativa para diversificar a produção de frutas na nossa região.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)

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Categoria(s): Artigo

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