Toda vez que me deparo com o ex-médico Laíre Rosado (PSB) na TV falando sobre ética, saúde de qualidade, luta contra nepotismo etc, tenho náuseas. Quanto cinismo.
Laíre caracteriza bem a essência teórica da “banalidade do mal”, que fora levantada pela filósofa Hannah Arendt. Ela alicerçou-a na interpretação do comportamento do criminoso nazista Adolf Eichmann.
Ele era circunspecto, intangível, mecânico. Julgado por seus crimes em Jerusalém (Israel), em 1961, não admitiu qualquer deslize contra o homem e a humanidade. Comandara mutilação e mortes de milhões de judeus, em plena Segunda Guerra, sem um pingo de sentimento de culpa. Era normal.
O mesmo comportamento era demonstrado pelo oficial nazista Klaus Barbie, preso já em idade temporã (1983). Cabelos fartos e vivamente embranquecidos, deixava escapar um sorriso frio em suas interlocuções. Riso do terror.
Na ocupação nazista na França, Barbie ficou conhecido como o “Carniceiro de Lyon”. Sempre dava boas gargalhadas diante da tortura e morte de suas vítimas. Muitas foram pessoalmente martirizadas por ele, num exercício sádico incomum.
Como um sujeito que recebeu a melhor educação formal, teve todo acesso possível à informação, ganhou de mãos beijadas o poder de fazer o bem, se transformou num quasímodo moral?
O caso do desvio de milhões da saúde é um crime hediondo. Muito pior do que o indivíduo entrar numa casa alheia para matar, estuprar e roubar. Ruindade no plural, no coletivo e sob a idéia da naturalidade, por se entender coberto pelo direito.
* Volto ao tema. Aguarde.
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