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domingo - 24/06/2012 - 12:22h

Meu ídolo morreu

Por Odemirton Filho

O ano era 1989. Morava em Fortaleza/CE.  Ainda no junho de minha vida tinha ideais. Como estudante do então 2º grau buscava um ídolo, alguém que pudesse me espelhar para seguir quando adulto.   Presente de quinze anos? Sonhava em ganhar a coleção completa de “O Capital”, de Karl Marx.

Meu pai arrefeceu meu sonho, disse-me que esses ideais comunistas não tinham futuro, pois não se ganhava dinheiro. Não me deu o presente. Talvez essa insistência de ler pensamentos comunistas tenha sido legado de meu avô, Vivaldo Dantas de Farias, comunista histórico, que, certa feita, me mandou respeitar o seu partido, então o neófito PT.

Contentei-me, então, com a leitura do Manifesto Comunista.

De ônibus, me dirigir a um colégio secundarista, em um bairro distante da capital Alencarina. No meio de uma imensa multidão vi o meu ídolo da época, “Luiz Inácio Lula da Silva”. Ouvi o seu discurso ao lado de uma plateia de jovens entusiastas como eu. A preleção falava de uma ditadura que tinha acabado de ruir depois de mais de vinte anos de uma nuvem negra sobre o Brasil.

Falou-se em um novo modelo de gestão, na qual efetivamente o povo teria voz e vez, o fim da corrupção, a consolidação da nossa incipiente democracia.  Ao final do encontro, apertado pela multidão, procurei chegar próximo do ídolo, a fim de que pudesse vê-lo mais de perto. Para minha felicidade, aquele homem me cumprimentou, tocando-me os ombros.

Com o passar dos tempos, o meu ídolo chegou à presidência da República. Era o meu sonho que se concretizava. Algumas mudanças foram realizadas, fruto de uma economia que começou a se consolidar com a implantação do plano Real. Aí veio a decepção.

Em um país de dimensões continentais, os interesses são muitos, confunde-se o público com o privado. Interesses mesquinhos, de uma minoria, nos três Poderes constituídos, ainda causam profundos males ao povo brasileiro.

Para garantir a tal governabilidade, dizem os políticos, há de se fazer acordos políticos com todas as tendências ideológicas, pois só assim se garante a condução de um Governo.

Nesta semana, o ídolo que ainda vivia em mim, morreu. Em um encontro para se chegar, a todo custo, ao Poder, tudo aquilo que fora construído no decorrer de uma vida foi esquecido. Conchavos com pessoas que representavam tudo aquilo que rejeitávamos pos cabo aos meus ideais juvenis.

Será que não fiz uma leitura correta do pensamento socialista-comunista? Se for assim, não quero mais ganhar O Capital, de Marx.

Odemirton Firmino de Oliveira Filho é oficial de Justiça e professor de Direito da Uiversidade Potiguar (UnP-Mossoró)

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Meu Caro Odemirton, respeitando as suas posições e atuais convicções, tenho que assinalar…se faz e se presta bastante cômodo assentir e fazer disseminar opiniôes que coincidentemente se assemelham, prá não dizer que são extamente iguais às formuladas, disseminadas e espalhadas tal e qual penas ao vento pela nossa “aguerrida e incorruptível grande e monolítica mídia popularmente como PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA, que, sabidamente quando suas análises políticas possui uma incrível capacidade de lembrar e esquecer da história, nos exatos termos que comporta uma deliberada e aprofundada amnésia seletiva.

    Queriamos ou não, em todos os seus estamentos sociais grande parcela da sociedade brasileira, inclusive a que se diz letrada e (ou) doutorada padece de um histórico processo de alienação política, onde em sua origem preponderam não só falta de oportunidades quanto a educação, mas, sobretudo no que diz respeito a falta de infromação de qualidade.

    Para que possamos tentar curar os males do corpo, da alma e do espítito, há inclusive no campo e na órbita da compreensão política várias medidas e (ou) terapias, as quais podemos consignar e (ou) denominar terapias tradicionais e (ou) alternativas.

    Temos que a chamada terapia tradicional, normalmente é rápida e resolutiva quanto a terapia dos males já afirmados, porém, sem dúvida deixa um rastilho dde pólvora quanto aos seus consabidos e irrefráveis efeitos colaterais.

    Já a chamada terapia alternativa, é seguramente complexa, delicada, sensível, morosa e, sobretudo FECUNDA DO PONTO DE VISTA COLETIVO. Essa terapia requer necessariamente o enfrentamento da conservadora e alienada soceidade em que vivemos e, consequentmente um sem número de renùncias e abdicações às tentações do mundo indvidualista e material, porquanto a sua administração, seja no âmbito da simples leitura e (ou) da existencialidade política, exige repita-se, algo mais que a simples, cômoda e distante apreciação dos fatos que dizem respeito à todos nós como atores sociais e políticos.

    Inobstante e igualmente privar de um certo grau de conhencimento acerca de nossa história, sobretudo de suas reconditas raízes – mesmo tendo que conscientemente pagar um alto preço – de há muito optei pela chamada terapia alternativa no que respeito a leitura, as informações e a compreeensão que delas possam advir.

    A esse respeito,,e, mais uma vez respeitando a sua opção crítica seja ela de ordem pessoal e (ou) pol´tica, tomo a liberdade de lhes enviar digamos….três comprimidos originários da chamada terapia da medicina poltico/existencial alternativa.

    Jair de Souza: É válido aliar-se ao malufismo?
    publicado em 23 de junho de 2012 às 18:55
    Algumas palavras sobre alianças políticas – por Jair de Souza
    O golpe institucional contra o presidente legítimo do Paraguai, Fernando Lugo, deveria servir de lição a todos os que nos identificamos com a proposta de construir uma sociedade justa e solidária, a qual, inevitavelmente, teria que apontar rumo ao socialismo.
    O primeiro ensinamento que poderíamos extrair é que estar formalmente no comando do governo não significa necessariamente ter o poder real no país. O poder real depende sempre, por mais desagradável que isto possa soar aos ouvidos de muitos, da real correlação de forças existente.
    Não deveria ser preciso lembrar a nenhum de nós que a burguesia somente ama e respeita a democracia enquanto esta puder servir a seus interesses. Diante de qualquer situação na qual o seguimento dos preceitos democráticos possa estar levando a uma perda de poder real por parte da burguesia, a mesma não vacilará em abdicar descaradamente de tudo o que se refira à democracia.
    Para nós, latinoamericanos, os exemplos do Brasil 1964, do Chile 1973, de Honduras 2009 e o recentíssimo caso do Paraguai deveriam servir por si sós para não deixar nenhuma margem de dúvida a este respeito.
    Também deveria estar muito claro para todos nós o fato de que as forças populares ainda não dispõem em quase nenhum dos países de nossa América de organização e estruturas suficientemente fortes para dar um combate decisivo pelo poder contra as forças burguesas. E que fazer diante de um panorama tão sombrio?
    Poderíamos, como muitos fazem, continuar bradando contra o capitalismo, prevendo futuros catastróficos e coisas pelo estilo, ao mesmo tempo em que renunciamos a tomar parte ativa na disputa pelo poder na sociedade. Poderíamos esperar até o dia em que, finalmente, nossas forças venham a ser grandes o bastante para que partamos para a consecução de nosso objetivo tão sonhado. O único ponto negativo neste caso é aquela cruel certeza de que, por esta via, este dia nunca chegará.
    Além do mais, pedir ao povo que continue aguentando o sofrimento e a miséria por mais tempo, até que se possa partir para mudanças radicais das estruturas sociais, é algo fácil para quem na verdade não padece desse sofrimento e miséria. Aqueles que não são indiferentes à penúria do povo trabalhador devem preocupar-se seriamente em encontrar maneiras de, pelo menos, suavizá-la, até que seja possível erradicá-la. E é neste ponto que entra a questão das alianças políticas.
    Alianças são feitas quando não se têm condições de chegar ao governo (e manter-se nele) tão somente com as forças próprias do campo popular. Com os demais setores do campo popular não se faz aliança, e sim a unidade. É preciso ressaltar que não basta ganhar a eleição, é preciso que haja condições concretas que permitam que o novo governo consiga levar adiante o programa mínimo aprovado junto às outras forças da aliança.
    Sendo assim, é de fundamental importância que o bloco representativo dos trabalhadores nesta aliança esteja realmente sob o comando de gente verdadeiramente afinada com os interesses que deveriam representar. Não me parece admissível que, numa aliança dos trabalhadores com setores da burguesia, o comando das forças dos trabalhadores fique nas mãos de defensores do neoliberalismo (do tipo Palocci, Vacarezza e assemelhados).
    Esta exigência de total coerência com os interesses dos trabalhadores me parece fundamental para que, no decurso do processo, as conquistas populares não deixem de avançar mesmo havendo condições objetivas para que isto se dê. Se a direção do movimento dos trabalhadores estiver em mãos de gente ideologicamente afinada com a burguesia, esta gente tratará de encontrar pretextos para impedir que sejam dados passos concretos que venham a contrariar interesses da burguesia, mesmo que a correlação de forças indique que tais passos poderiam ser dados.
    Não deveríamos nos esquecer de que a burguesia, em última instância, apela para o poder militar. Ou seja, a burguesia sempre vê no poder militar uma força à qual recorrer quando os instrumentos de manipulação tradicionais não dão conta do recado. Em outras palavras, tudo se torna mais difícil para o campo popular quando não se têm influência significativa junto às forças militares. No caso da Venezuela, o golpe contra Hugo Chávez não pôde se consolidar, tanto porque houve uma forte reação popular, como porque a maior parte dos militares permaneceram leais ao Presidente.
    Lembremo-nos de que Hugo Chávez se havia dedicado por décadas a desenvolver seu trabalho político junto a seus companheiros militares e, portanto, contava com amplo apoio no seio das forças armadas. Não fosse esse o caso, os movimentos populares que tinham reagido ao golpe reacionário teriam sido esmagados, por mais sangue que precisasse ser derramado para tal.
    Agora, cabe perguntar, e no Brasil, qual é a influência que as organizações do campo popular têm junto aos militares brasileiros? Até onde eu sei, os jovens oficiais de nosso país continuam realizando suas cerimônias de formatura com homenagens ao general Garrastazu Médici. Isto me parece bastante significativo.
    Ainda em relação com as alianças, relembro o caso da Nicarágua. Lá, as forças da FSLN comandadas por Daniel Ortega não tinham condições de derrotar eleitoralmente sozinhas aos grupos neoliberais pro-imperialistas que tinham assumido o governo do país e entregado seus destinos ao imperialismo estadunidense.
    A FSLN aceitou fazer alianças com Arnoldo Alemán (o Maluf nicaraguense) e com a arquirreacionária cúpula da Igreja católica (comandada pelo cardeal Ovando y Bravo). Logicamente, foram obrigados a fazer concessões. Embora muitos tenham se horrorizado com isso, a verdade é que as profundas transformações favoráveis ao povo humilde e trabalhador que o governo de Daniel Ortega vem realizando não deixam margem à dúvida quanto ao acerto de sua opção de fazer alianças naquele momento.
    O curioso é constatar que os “esquerdistas” nicaraguenses que bradavam contra este posicionamento de Ortega e da FSLN, encontram-se hoje quase todos nas folhas de pagamento das agências do imperialismo estadunidense, como é o caso do MRS – Movimento de Renovação Sandinista -, que recebe fundos diretamente do National Endowment for Democracy (órgão criado pelos EUA para financiar organizações que defendam seus interesses nos países do terceiro mundo).
    Defender que as organizações políticas dos trabalhadores estejam sob o estrito comando dos verdadeiros representantes dos trabalhadores é algo profundamente digno e desejável, mas acreditar que é preferível deixar o governo nas mãos dos piores exploradores do povo por prurido a fazer alianças com setores burgueses desgarrados do bloco central de sua classe é, na verdade, fazer o jogo dos que desejam que nunca haja mudanças que favoreçam ao povo.
    Em lugar de indignar-nos porque Lula deixou-se fotografar ao lado de Paulo Maluf, deveríamos perguntar se chegar ao governo da capital de São Paulo com uma chapa encabeçada por Fernando Haddad e Luiza Erundina, ainda que fazendo concessões ao malufismo, seria para o povo trabalhador melhor, pior ou igual a manter o governo da tucanalhada.
    Para mim, está bastante claro que Maluf tentará aproveitar-se desta aliança para sair do sufoco em que se encontra no momento. Já o campo popular deveria servir-se desta aliança com Maluf para tentar alcançar e consolidar posições que não têm condições de atingir por si só no momento. Daí a importância de que o comando das forças populares seja composto de gente inteiramente coerente com os interesses dos trabalhadores. Indignar-se por uma foto me parece típico do pseudo-moralismo hipócrita do udenismo.
    Leia também:
    Política Gilson Caroni Filho: O purismo e o verdadeiro Maluf
    publicado em 23 de junho de 2012 às 23:50
    O purismo e o verdadeiro Maluf
    por Gilson Caroni Filho
    Ao firmar acordo com o deputado federal Paulo Maluf (PP), se deixando fotografar com seu adversário histórico, o ex-presidente Lula produziu a perplexidade que dominou, no primeiro momento, setores do próprio campo progressista. O debate que se seguiu foi- e é da maior seriedade- e da maior gravidade.
    O purismo tem que despertar da frívola ciranda para a dura realidade do mundo adulto, do universo das relações reais entre pessoas e partidos. O erro maior de quase todos os revolucionários brasileiros , do século XIX em diante, foi não apenas ter frequentemente cometido equívocos nas análises das condições objetivas, mas também no exame da condição subjetiva fundamental, que é o alheamento político a que um modelo de exploração desigual submeteu nosso povo. A exclusão de processos decisórios torna-o cético diante do que não sabe, enquanto a classe dominante dá o exemplo com sua atitude invariavelmente cínica.
    Analistas políticos que não percebem bem o que acontece por um misto de má-fé e preguiça mental- resultante da partidarização da imprensa e da academia – pontificaram sobre a logística comandada por Lula. E, triste, foram endossados por setores que se apresentam como a ” esquerda autêntica”. O papel de um operador político do quilate do ex-presidente é semelhante ao do regente de uma orquestra. Não faz a música, mas dá o compasso, define a harmonia do conjunto e tira de cada instrumento o som mais adequado.
    Não pode ser confundido com alguém ocupado em arranjos paroquiais para colocar seu candidato em uma posição mais confortável. Não deve ser tratado como bufão que faz parte do espetáculo, mas não é bem-visto na peça. Não lhe faz justiça a roupagem de um Moisés a quem cabia levar seu povo à terra prometida, mas terminou por preferir ser adorador de um bezerro de ouro.
    Não houve vacilações ou atitudes opacas, mas perfeito tino da logística requerida pela dinâmica política. A estratégia era clara demais para comportar tergiversações.:aliança com ex-prefeita Erundina e o PSB, à esquerda, para garantir o apoio dos socialistas e neutralizar os descontentamentos do grupo ligado à senadora Marta Suplicy. Aliança com Maluf, à direita, para neutralizar parte do PSD de Kassab. Um tabuleiro sobre o qual havia que se debruçar meticulosamente, sem pruridos de uma ética de algibeira.
    Esses apoios levariam o candidato do PT ao segundo turno até por que o partido tem históricos 30% dos votos na capital e, à exemplo de Dilma, a rejeição do Fernando Haddad é muito pequena em São Paulo. Para isso seria necessária a manutenção das candidaturas de Russomano e de Netinho, até então provável candidato do PC do B no primeiro turno. No segundo turno, ainda teríamos agregado o apoio de Chalita, do PMDB Apenas assim se conseguiria derrotar a máquina eleitoral do estado e do município de São Paulo pró- Serra, que tem cerca de 30% de rejeição dos eleitores na capital.
    Pelo visto , faltou combinar com uma geração que gosta do suicídio político para expirar culpas sociais. Faltou dizer que o Maluf atual, aquele que merece combate, aquele que é conhecido pelas falcatruas e pelos métodos fascistas de lidar com adversários e movimentos sociais, atende por outro nome: José Serra. Será preciso desenhar?
    Política Mirmila Musse: A política do bem e do mal
    publicado em 23 de junho de 2012 às 19:20
    por Mirmila Musse, especial para o Viomundo
    Os partidos não simbolizam mais a vida política. Joga sozinho aquele que é escolhido pelo partido para representá-lo. Aceitando a missão, tem um caminho árduo a trilhar. Se eleito, terá de lutar para, ao mesmo tempo, colocar seu partido para governar e tornar-se um personagem da política, sob o risco de cair no ostracismo. As pessoas, em geral, votam no palhaço, no marido da Carla Bruni etc., e não no PR ou no UMP.
    Isso tende a se generalizar. Nesta semana, muitos disseram que não votam no Maluf, nem no Lula. Mas o candidato a prefeito não é o Fernando Haddad?! Na foto, amplamente divulgada em todas as mídias, quem estava entre Lula e Maluf, mas quase passou despercebido?
    Essa questão talvez ajude a entender a atitude da ex-prefeita Luiza Erundina. Explicando sua renúncia à candidatura à vice-prefeita de São Paulo, ela alegou ter ficado chocada com a coligação entre o PT e o PP. Perdão, eu me enganei. Não foi nesses termos que ela explicou sua renúncia. Em entrevista ao telejornal Record News, ela disse: “O que aconteceu mesmo foi o fato de que a aliança não é com o PP, lamentavelmente foi com Maluf”. Os jornalistas tampouco se lembraram de lhe perguntar por que o partido no qual ela está filiada, o PSB, está coligado em vários estados do Brasil ora com o PSDB, ora com o DEM e até mesmo com o PP, o partido do Maluf.
    No episódio, parece que Erundina não agiu seguindo uma lógica partidária ou um cálculo político, mas antes uma motivação pessoal. Ao dizer, por exemplo, que “Lula teria passado dos limites”, ela reforça a cultura de que a escolha eleitoral deve continuar assentada em lideranças individuais idolatradas, em celebridades, não em partidos.
    O PP está coligado com o PT desde o primeiro mandato de Lula na presidência. Mas isso não parece importante. Para Erundina, não se trata de uma reedição na cidade de São Paulo de uma aliança já consolidada em âmbito nacional, mas sim de uma composição entre Lula e Maluf.
    A presença do PP no governo federal afetou pouco ou quase nada o desempenho do PT na presidência. Esse dado sequer é considerado na avaliação do governo pela população.
    Embora se saiba que não é Maluf quem irá governar caso o PT ganhe a eleição na cidade de São Paulo, o modo como a política tende a ser simbolizada e visualizada torna a coligação contraproducente. Nem por isso a escolha da camarada Erundina, abdicando da oportunidade de interferir ativamente na campanha e na futura gestão municipal, deixa de ser “infeliz”.
    Nessa mesma entrevista à Record News, ela cometeu um ato falho significativo. Depois de seis minutos, Erundina disse: “[soube] que iria começar uma tentativa de acordo com o PP para apoiar o Haddad. E aí eu perguntei ao vice, ao candidato, aliás, ao candidato a prefeito, Fernando Haddad”.
    Ela gostaria de ser a candidata, a escolhida de Lula? Imagina que Maluf teria mais voz que a vice-prefeita? Não cabe aqui tratar dos desejos atuais de Luiza Erundina. Mas cabe a ela se perguntar de qual Outro busca reconhecimento? De Lula, da população, de sua base política, da mídia?
    Qualquer que seja a sua motivação, reforça-se a tese de que os políticos agem cada vez mais considerando como determinantes não os partidos, mas a ação individual. Nesse contexto, sequer soa paradoxal que a militante pela democratização dos meios de comunicação tenha escolhido o jornal O Globo e a revista Veja para anunciar seu desconforto e sua renúncia.
    Nesse episódio, o maniqueísmo do bem e mal se conjuga ao culto da personalidade na política. Há, de um lado, um dos principais apoiadores civis da ditadura militar, o homem que está na lista de procurados da Interpol, o político do “rouba mais faz”, o autor de frases célebres como “estupra… mas não mata”, ou simplesmente o Darth Vader, como é designado em várias páginas do facebook.
    De outro, encontra-se Luiza Erundina, a senhora de setenta e sete anos que abriu mão da perspectiva de voltar a exercer o poder na cidade de São Paulo supostamente em nome de sua coerência, de seus valores e princípios. Além desses dois, há ainda aquele que se elegeu presidente, apesar de ser caluniado como semianalfabeto, alcoólatra, desprovido de experiência e capacidade para governar e que depois de oito anos consagrou-se como o presidente avaliado positivamente por mais de 80% da população. Muitos o denominam o Pai do país e de uma Mãe para o Brasil, a sucessora que ele ajudou a eleger.
    A política, no entanto, é feita também de coligações, escolhas e de partidos. Foi no bojo de uma aliança ampla que o governo Lula tornou-se uma referência, admirado e evocado no mundo inteiro. Lula e o PT julgaram oportuno aliar-se ao PP e conquistar mais 90 segundos para apresentar seu candidato. Em 90 segundos dá pra contar uma vida. A vida de um professor universitário, que deu aulas de ciência política, foi trabalhar na Prefeitura com Marta Suplicy, tornou-se assessor de Guido Mantega e depois Ministro. Depois da etapa das alianças e coligações, resta-lhe a tarefa de representar mais que seu partido. Terá que escolher seu personagem, vestir alguma máscara e fazer o “semblante”. Se a política hoje precisa de personagens e de um Pai para atrair eleitores, cabe a Fernando Haddad usar seus 8 minutos de TV para mostrar por que foi o escolhido pelo Pai-drinho Lula.

    Mirmila Musse é psicóloga, mestre em psicanálise pela Universidade Paris-VIII.

    Um abraço, e se possível leia e reflita…!!!

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  2. Odemirton Filho diz:

    Caro Fransueldo: obrigado, irei ler e refletir, com atenção.

    Abraço!

  3. jb diz:

    “É sabido que a esquerda e a direita têm mais serventia para orientar o trânsito do que para criar divisões no arco ideológico.”Gaudêncio Torquato

    Caríssimo Fransueldo Vieira de Araújo, segundo o jurista e fundador do PT mossoroense Paulo Linhares,”Aliás, sequer mais parece ter sentido essa coisa de direita ou de esquerda para demarcar as posições político-ideológicas das pessoas, grupos ou partidos. Tudo se mistura a partir do centro: é centro- direita, é centro-esquerda. Os rotuladores de sempre caíram em desuso, pois está difícil colar um rótulo na testa de alguém quando se trata de posições políticas ou ideológicas, nos dias atuais.” Ainda segundo Paulo Linhares, Lula e Maluf “são dois políticos talentosos”(gazeta do oeste, 24/06/2012 pág 2) .Portanto podemos até dizer que trata-se de um acordo do jacaré com lagartixa(Quando as interações ocorrem entre organismos da mesma espécie, são denominadas relações intraespecíficas ou homotípicas,A competição intraespecífica é uma relação de competição entre indivíduos da mesma espécie, que concorrem pelos mesmos fatores do ambiente, que existem em quantidade limitada), mas baseado no talento político dos dois e não em interesses inconfessáveis.

  4. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Caro JB, embora o admire como jurista, apenas e tão somente como jurista, pois bem sabes a minha visão política sobre o Douto Paulo linhares.

    Portanto, a sua assertiva no tocante ao que pensa e (ou) deixa de pensar, oa que disse ou deixou de dizer o seu digamos “GURU” ocasional PAULO AFONSO LINHARES, de maneira nenhuma diz coisa alguma politicamente e (ou) ou afeta de alguma modo às minhas convicções quanto ao post anteriormente explicitado.

    Um abraço
    FRANSUÊLDO V EIRIA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  5. CALIBRE 50 diz:

    É bom que o PT,LULA e cia não esqueçam o passado,o esquerdismo que alguns militantes de setores da esquerda no Brasil e no RN não querem levar em conta fiquem sabendo que os amigos de Malluf passaram 15 anos vigiando as movimentações de LULA em um passado não tão longínquo,agora acho que ERUNDINA foi intempestiva,LULA e HADAD já mais deixariam MALLUF se arvorar,foi só uma fotinha,mas fiquemos atentos por que hoje o ditado é:DÍGA-ME COM QUEM FOTOGRAFAS QUE EU VOU TIRAR FOTO COM OUTROS!É SÓ!CLIQUEM NO LINK ABAIXO FAÇAM O FAVOR!MUITO OBRIGADO.
    asintoniafina.blogspot.com.br/2012/06/milicos-vigiaram-lula-durante-15-anos.html

  6. Pedro Victor diz:

    Infelizmente, um partido precisa de alianças com diferentes partidos de diferentes ideologias para tentar vencer uma eleição. Tempo de TV, apoio, passeatas, dinheiro, pesam numa campanha e pesam muito. Infelizmente, no Brasil, é impossível vencer uma eleição majoritária, ou mesmo ter uma quantidade não desprezível de parlamentares sem ter apoio. Não é possível mesmo governar sem ter apoio na câmara (municipal, estadual, federal) e senado. Inclusive, esse tipo de aliança nem é novidade para o PT. Lula só conseguiu vencer em 2002 por causa da aliança com o PL de José Alencar.

    Entretanto, não venho aqui defender a atitude do PT. Se em SP votasse, não votaria em Haddad, e olhe que sempre voto no PT desde 2006, quando fui a fundo e descobrí que falta de vergonha havia e tem sido o governo tucano. Mas uma coisa que deixo a pensar é: Esse tipo de aliança só existe por causa do eleitor. O PSOL, o ARENA, nunca conseguirão um cargo majoritário se não fizerem esse tipo de aliança.

  7. Jorge André diz:

    Acho muito interessantem, meu compradre Oliveira, como os Petistas buscam na sua verborragia justificar o injustificável. Palavras e mais palavras são ditas apenas para preencher o espaço. A decepção que hoje você compartilha já sinto hã bastante tempo. Quando o PT foi criado, nasceu sob a égide da ética e do compromisso com a democracia. E olhe que eu estava lá. Participei inclusive da campanha do Padre Haroldo para governador do Ceará. Votei em Lula em todas as vezes que saiu candidato. Mas aquele PT acabou faz tempo. Hoje não engana ninguém. Se algum artigo fala contra os petralhas, a impressa é golpista. E a corrupção entremeada pelos sindicalistas que ocupam praticamente todo o governo? É, amigo e compradre Oliveira, a Petralhada quer que viramos uma Venezuela ou Cuba e até quem sabe um novo Iran. Sem opiniões contrárias, sem impressa livre e sem alternância dos partidos no poder. Haja bolsa famíla…

    • Francy Granjeiro diz:

      É bicudo voce não toma jeito quer ver o país nos anos 60 70 80, que tristeza!
      da-feira, 25 de junho de 2012
      Sr. Jorge torce com todas as suas forças, com seu complexo de vira-lata,que nao se contenta como perdedor que no caso é verdade é uma vira-lata, para que o Brasil fracasse. Em momento algum tucano emite alguma opinião de como seria para dar certo, que 20 30 anos quebrou o BR, e na verdade Sr Jorge quer que tudo fique ruim no país. Espero que quando suas pragas contra nós der certo,que seja a primeira a perder o emprego.
      Já imaginaram se os economistas empresarios investidores se recolhem, na tentativa de proteger seu capital de plantão e a mídia demo-tucana ainda estivessem no poder? Que noticias ruins Sr. Jorge, que deve fazer parte desse coluiu conchavo com as oligarquias, se alia ao crime organizado, tudo em detrimento do povo brasileiro.
      E outra SrJorge, na zôropa tem bolsa familai…pena que ela estar se quebrando pela Angela Meckel e ainda tem babacas que apoiam este grupo…E de dar pena
      E eu grito muito alto
      Viva o grande Estadista LULA.
      Viva a grande Presidenta DILMA.

  8. Fred diz:

    Mais é isso mesmo no Brasil. Se os canidados ou os eleitos não costurarem alienças políticas mais exdruxulas que pareçam, acontece o que aconteceu no Paraguai. O governante não governa e é deposto do cargo pelas forças contrárias. EU CREIO QUE PARA RESOLVER ESSE TIPO DE PROBLEMA É MUDAR AS NOSSAS LEIS.

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