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domingo - 02/05/2021 - 10:28h

O “lucro social” de uma marca brasileira que é referência mundial

Por Josivan Barbosa

Nessa última semana, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) divulgou os números do que ela tem denominado de “lucro social”.agricultura, agronegócios, economia no campo,O impacto da adoção das inovações da Embrapa gerou um “lucro social” de R$ R$ 61,85 bilhões em 2020. O número leva em conta o uso de 152 soluções tecnológicas e 220 cultivares desenvolvidas pelos pesquisadores. Como a receita líquida da estatal foi de quase R$ 3,5 bilhões no ano passado, o balanço apresentado durante a semana mostrou que para cada R$ 1 aplicado a empresa consegue devolver R$ 17,77 em benefícios para a sociedade.

A Embrapa tem trabalhado para ampliar a integração com o setor privado, que financia hoje 20% dos projetos de pesquisa e responde por 35% dos investimentos feitos na estatal – a meta é chegar a 40% do portfólio em 2023.

Somente a fixação biológica de nitrogênio, tecnologia lançada em 1993, gerou economia de R$ 28 bilhões no ano passado ao Brasil ao evitar a importação de adubos nitrogenados.

A Embrapa tem um quadro de pesquisadores acima de 2.500 doutores e é referência mundial em pesquisa agropecuária.

Bioinsumo

A Embrapa aproveitou o momento de comemoração da divulgação do seu lucro social de 2020 para anunciar uma inovação tecnológica para o semiárido: o bioinsumo, que é produzido a partir de bactérias encontradas no mandacaru, espécie de cacto comum no Nordeste brasileiro, e promove “uma parceria com a raiz” para resistir ao estresse hídrico.

Esse é o primeiro produto biológico registrado no Brasil para essa finalidade. Durante uma década, os pesquisadores observaram a planta do mandacaru e a relação com as bactérias existentes no solo, que foram selecionadas para a criação do insumo.

A tecnologia vai chegar ao mercado por meio de uma parceria público-privada com uma empresa do setor e será indicada, inicialmente, para a cultura do milho, para uso com as variedades resistentes à seca desenvolvidas pela estatal. A expectativa é que o bioinsumo possa ser aplicado também na segunda safra do cereal no Centro-Oeste, mais suscetível a desajustes no clima, e também em outras culturas.

A ideia é que o bioproduto funcione na planta do milho da mesma maneira que funciona no mandacaru. Ela estabelece essa relação quase que simbiótica e faz com que a planta consiga conviver com essa baixa disponibilidade de água.

Embrapa em Mossoró

Os números e a qualidade dos produtos tecnológicos acima justificam porque temos defendido muito neste espaço que a Universidade do Semiárido, a Prefeitura de Mossoró, o Governo do RN e os nossos representantes em Brasília avancem na gestão política para a instalação no nosso RN Sem Sorte de uma unidade da Embrapa. Iniciamos essa luta em 2005, ainda no Governo de Wilma de Faria, uma entusiasta do projeto e grande aliada do setor produtivo da agricultura irrigada e da agricultura familiar.

O Rio Grande do Norte e o Espírito Santo são as duas unidades da federação que ainda não possuem um centro nacional da Embrapa. O nosso vizinho Ceará há várias décadas já possui duas unidades dessa natureza. Uma em Sobral que trabalha com tecnologias para a ovinocaprinocultura e uma na capital que trabalha com agroindústria tropical.

A questão climática mais próxima

Uma situação que aparentemente poderia apenas interferir na nossa exportação de commodities, o grosso do negócio rural do país, poderá também ser uma preocupação para a agricultura irrigada do Semiárido, principal negócio rural responsável pela exportação de frutas. Estamos falando da questão climática e de seus impactos sobre a exportação de produtos do negócio rural.

Amazônia: desmatamento e queimadas (Foto: Web)

Amazônia: desmatamento e queimadas (Foto: Web)

O ritmo de devastação da Amazônia levará as principais nações do mundo, atentas à questão climática, a promoverem sanções contra as exportações brasileiras no médio ou longo prazo.

Lembremos que o Brasil tem como principais parceiros na exportação de frutos tropicais a União Europeia e os Estados Unidos, ambos, muito emblemáticos na questão climática.

Um dos grandes vilões ambientais da exportação de frutos ultramar é o consumo de combustíveis fósseis pela frota de navios, o que pode mudar com novas tecnologias de energia renovável e com o uso de contêineres marítimos mais eficientes no consumo de energia. Como o transporte marítimo é um negócio na mão de poucas empresas, a adoção de novas tecnologias ambientalmente sustentáveis não seria complexa.

Temas prioritários

Após mais de um ano de pandemia, as nossas instituições públicas deslizam sobre os temas que seriam prioridade e não conseguem apresentar resultados. O que as nossas universidades públicas, o Estado do RN e a PMM têm a mostrar em temas como: saúde, educação; diversidade e inclusão; meio ambiente e mobilidade; inovação e empreendedorismo?

Nestes tempos de lives (aproveitando para adicionar ao vocabulário), estas instituições precisam se apresentar para a sociedade e mostrar resultados mensuráveis, sem contornos. Infelizmente, alguns gestores aproveitam o cargo para mera exibição e esquecem do principal, mas, mesmo assim, fazem o jogo do marketing e assim seja.

Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF)

O governo federal publicou durante a semana um decreto que altera as definições para acesso dos agricultores familiares às políticas públicas. O novo decreto cria o conceito de Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) que vai substituir a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), documento atual que comprova o enquadramento dos produtores nessa categoria.

O decreto muda os conceitos de empreendimento familiar rural, cooperativa singular da agricultura familiar, cooperativa central da agricultura familiar e associação da agricultura familiar. Ele também altera os percentuais mínimos exigidos para a configuração das figuras associativas. Ao invés de estabelecer que 60% dos cooperados ou associados sejam comprovadamente agricultores familiares, a nova redação exige comprovação para 50% no caso das cooperativas e mais da metade (50% mais um) para as associações.

Além disso, para que se configure uma Unidade Familiar de Produção Agrária (UFPA), a exigência passa de “no mínimo, metade da força de trabalho familiar” para “predominantemente, mão de obra familiar”.

Cimento

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (SEDEC)poderia se antecipar e buscar parceria com a CSN Cimentos, pois a empresa pretende ampliar o seu parque fabril no Norte e Nordeste.

Depois da bem-sucedida abertura de capital do negócio de mineração de ferro, em janeiro, a CSN vai concentrar esforços na oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da CSN Cimentos, outro negócio para o qual a companhia enxerga amplas oportunidades de crescimento. Tanto por novas fábricas quanto por fusões e aquisições de ativos (M&A, no jargão do mercado financeiro).

Um dos planos para o futuro é diversificar geograficamente a atuação da Cimentos, hoje concentrada no Sudeste, em Arcos (MG) e Volta Redonda (RJ). A empresa tem cinco projetos em desenvolvimento, sendo um deles “brownfield”, que prevê aumento de 30% do volume de produção de Arcos. Outros quatro são “greenfields” (novos) e envolvem sites no Paraná, Sergipe, Ceará e Pará.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa)

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Categoria(s): Artigo

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