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domingo - 04/03/2018 - 11:42h

O poder é inebriante

Por Odemirton Filho

Desde sempre o homem busca o poder.

Nas suas múltiplas relações sociais há um desejo imanente de impor sua vontade. Por conseguinte, em perfeita simbiose, o sabor dos privilégios conjuga-se ao poder como se fossem parte da natureza humana.

Sob vários aspectos podemos discorrer sobre o poder. Em clássica lição Max Weber assim o conceitua:

“A probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo que contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade”.

Por seu turno, privilégio pode ser conceituado como uma “condição de vantagem atribuída à uma pessoa ou grupo em comparação aos demais”.No Brasil, de ontem e hoje, grupos dominantes se revezam no Poder, em uma clara demonstração que a manutenção dessa situação lhes é cara.

Não há alternância. Deste modo, a perpetuação de grupos políticos se revela nada republicana. Se fecham para evitar que novos nomes apareçam no cenário eleitoral.

Diz Raymundo Faoro em ‘Os donos do poder’, sua obra de maior fôlego:

“Sobre a sociedade, acima das classes, uma camada social, comunitária, articulada, amorfa muitas vezes, impera, rege e governa, em nome próprio, num círculo impermeável de comando”.

Assim, chegam a confundir o público e o privado.  Usam das benesses do Poder para satisfazer sua vontade.  A impunidade, para eles, são favas contadas.

É certo, todavia, que há aqueles que possuem espírito público e que conduzem a “res publica” com denodo. Mas o sistema os impede de implementar mudanças estruturais.

Na República brasileira existem aqueles que agem como se estivesse sobre a lei, com privilégios e vantagens que não querem abrir mão. Para isso fazem toda espécie de contorcionismos jurídicos e interpretações para colocar o sistema jurídico em seu favor.

De se acrescentar que a sociedade tem sua parcela de culpa. Fica, no mais das vezes, apática diante do que acontece. Nas palavras de Lima Barreto: “o Brasil não tem povo, tem público”.

O “jeitinho brasileiro” é sinônimo de esperteza no dia a dia. Muitos não votam por propostas ou ideologia, exigem como condição uma dádiva ou um favor. O escambo eleitoral torna-se lugar-comum.

Assim, há muito tempo caminhamos da seguinte forma: uma minoria inebria-se com o poder, regado a inúmeros privilégios, com a cumplicidade de todos nós, sociedade.

Odemirton Filho é professor e oficial de Justiça

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. João Claudio diz:

    Verdade verdadeiramente verdadeira.

    A luz que estava no fim do túnel (os políticos roubaram a luz e o túnel, também ), sinalizava que tudo iria piorar.

    Eu via o túnel bem à minha frente e acreditava na ‘luz’.

    Também acredito que nenhum ser humano vai conseguir desentortar o pau que já nasceu torto, salvo se apagar tudo e recomeçar do zero.

    Em se tratando de brasil…Missão Impossível.

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