• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
sábado - 22/01/2011 - 12:44h

O sertão em Salamanca


O escritor e intelectual David de Medeiros Leite retirou de Mossoró para Salamanca. Não foi um retirante da seca, das nossas migrações internas. Foi uma viagem de aprimoramento catedrático. E David carrega uma característica rara que é não se envergonhar de sua origem matuta. Ele leva o sertão nordestino para onde vai.

E foi com essa bagagem que chegou à terra e universidade de Unamuno. E lá, como cilada do destino, encontra um ilustre professor e poeta já renomado, no solo da mesma universidade que imortalizou o grande pensador espanhol.

Alfredo Pérez Alencart é o nome do poeta referido. E como a natureza procura os seus, no dito dos sertanejos, Alencart e David se procuraram. E se acharam.

Alencart informa a David seu vínculo patronímico com o sertão do Nordeste. Seu avô era Alencar do Crato. Migrara antes do nascimento do poeta para a Amazônia peruana, onde, no inicio dos anos Sessenta, veio Alencart a nascer em Puerto Maldonado, no Peru.

Com essa e outras informações David levou ao conhecimento do ilustre professor e poeta a minha vida e a existência dos meus livros.

Alencart é um poeta que adora ler ficção. Pois não é que gostou dos meus livros?! Tanto que publicou várias resenhas sobre livros meus em jornais e folhas culturais da Espanha.

Feita a ponte por David, o poeta de Salamanca passou a ter contato comigo e com Raíssa.

Dessa ponte eu fui o maior beneficiário. Tanto que o poeta escreveu uma série de poemas não apenas dedicados, mas tirados da minha vida e escritos. Que ele denominou “Aqui Hago Justícia”. Escrito em espanhol, o livro foi traduzido pelo professor português António Salvado, nome conhecido e respeitado na vida universitária de Lisboa e Cidade do Porto.

Alfredo P. Alencart já publicou vários livros. E alguns deles em várias línguas na mesma edição. Seus versos já foram traduzidos para mais de quinze idiomas. Dentre eles; o português, inglês, alemão, russo, búlgaro, vietnamita, japonês, coreano, indonésio, italiano, hebraico e árabe.

E eu que nunca fui traduzido nem para o paulistês, caí na graça e gosto do grande vate de Salamanca.

Agora mesmo recebo dele e de David a informação de que haverá um lançamento desse livro, a mim dedicado, no Centro de Estudos Brasileiros, lá na Espanha.

Pergunto meu caro leitor: Não seria hipocrisia minha silenciar sobre esse evento? O livro já foi divulgado pelos blogs de Carlos Santos e de Sérgio Vilar e por Maria Betânia Monteiro na Tribuna do Norte. Foi onde eu vi.

Escritor pequeno de uma província menor saio eu mesmo sacolejando minha matraca para anunciar ao sossego do silêncio que também tenho uma barraca de missanga na dobrada de alguma esquina. Té mais.

François Silvestre é escritor

* Texto originalmente publicado no Novo Jornal (Natal)

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Categoria(s): Nair Mesquita

Comentários

  1. Graça Sabino diz:

    Adorei isso!

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