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domingo - 02/12/2012 - 14:26h

Meus secretos amigos

Por Paulo Sant´Ana

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências …

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar.

Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

Paulo Sant´Ana é jornalista gaúcho, com atuação no jornal Zero Hora. Crônica extraída do livro “O Gênio Idiota”, mas publicada originalmente em 15 de abril de 1994, no Zero Hora.

Nota do Blog – Uma crônica que eu gostaria de ter escrito, para todos os meus amigos. Inclusive àqueles que não desconfiam que o são; também os distantes, gente que não vejo há um tempo incontável.

Gosto muito de vocês.

Muito obrigado por esse santo remédio: a amizade.

 

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Categoria(s): Crônica / Grandes Autores e Pensadores

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    “A gente não faz amigos, reconhece-os.”
    UMA GRANDE VERDADE!

  2. zepaula diz:

    “E eu maistigo”

  3. Ismael Mendes diz:

    Siga-o. Simplesmente, adotivo!
    Os amigos são minha maior riqueza. A amizade, minha maior fortuna.

  4. Marcos Pinto. diz:

    Nas horas mais difíceis os verdadeiros amigos são como o bálsamo – lenitivo para a dor. Na alegria, são imprescindíveis para intensificá-la.

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