• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
terça-feira - 22/06/2021 - 12:46h
Valor Econômico

Polo cloroquímico de US$ 5 bilhões no RN começa a sair do papel

Consórcio formado por trading do Panamá e empresa de energia está no empreendimento

Por Stella Fontes (Do Valor Econômico)

Um projeto ambicioso, que nasceu há mais de duas décadas com vistas a agregar valor ao sal marinho e a outros recursos naturais abundantes no Rio Grande do Norte, começou a ganhar contornos concretos e poderá atrair US$ 5 bilhões em investimento total para o Estado nos próximos anos.

O plano de construção de um Polo Cloroquímico, na região potiguar que compreende Mossoró e outros três municípios, finalmente assegurou os primeiros investidores e parte, agora, para as fases de normatização, licenciamento e estudos de viabilidade técnica e econômica.Polo Cloroquímico - Matéria na Valor Econômico - 22 de Junho de 2021 - Título e cabeça da página - PRINT CORRETO

Até pouco tempo atrás desconhecido da indústria química brasileira, um consórcio formado pelas empresas Koyo Intership Trading, do Panamá, e TFB & Energy, constituída no país para investir em energia renovável, assinou protocolos de intenção com as prefeituras de Mossoró e Guamaré, referentes à primeira fase de implantação do polo. Essa etapa englobará complexo de produção de cloro-soda e derivados, incluindo PVC, usina solar com 350 megawatts (MW) de potência e um terminal portuário, com investimentos da ordem de US$ 2,5 bilhões.

Na solenidade de assinatura do compromisso com a Prefeitura de Mossoró, há cerca de dez dias, estiveram presentes autoridades do município, representantes do consórcio e de instituições financeiras, entre as quais XP Investimentos e Banco Safra, que atuam como assessores financeiros do consórcio (veja AQUI). Haveria ainda outros investidores estrangeiros interessados, apurou o Valor.

Os municípios — além de Mossoró e Guamaré, Porto do Mangue e Macau serão abrangidos pelo projeto — têm 150 dias, a partir da assinatura dos protocolos, para garantir aos investidores as condições de execução do projeto, incluindo base legal, e então serão iniciados os desembolsos efetivamente. Embora estudos preliminares de impacto ambiental já tenham sido executados, será preciso produzir um novo EIA-Rima.

Pelo projeto original, a primeira etapa do polo entrar em operação no segundo semestre de 2024. Os desembolsos iniciais somam US$ 800 milhões, direcionados à infraestrutura para geração de energia, estudos e aquisição de tecnologia.

O projeto industrial, propriamente, virá na sequência e receberá US$ 1,3 bilhão — há ainda necessidade de outros investimentos para garantir as condições de operação, que resultam nos US$ 2,5 bilhões previstos na primeira fase. Na segunda etapa, que será executada futuramente e quando a produção de cloro-soda já estiver estabelecida, o plano é produzir também barrilha—beneficiando-se também da reserva de calcário no Estado —, fertilizantes e outros produtos químicos. Nessa etapa, os investimentos estão estimados em mais US$ 2,5 bilhões.

Eteno e a Clara Camarão

Em grandes números, o polo cloroquímico poderá produzir até 500 mil toneladas anuais de PVC, até 600 mil toneladas anuais de barrilha e 600 mil toneladas anuais de cloro-soda e seus derivados. Em geração de emprego, serão 7 mil postos de trabalho direto e indireto quando todas as fases estiverem em operação — a expectativa é atrair transformadores de PVC para a região do polo, cujos custos devem ser favorecidos pela proximidade das principais matérias-primas (sal e calcário, no segundo momento).

Mossoró produz cerca de 95% do sal marinho consumido no país e pretende usar o insumo também na cadeia vinílica. Na indústria petroquímica, o insumo concorre com o sal-gema, que era extraído pela Braskem em Alagoas para a produção de cloro-soda e EDC, matéria-prima do PVC. Hoje, a companhia importa do Chile todo o sal que utiliza na produção de cloro-soda em Maceió.

Além de valorizar o sal marinho, o projeto pode revitalizar a Refinaria Clara Camarão (RPCC), diz o economista Carlos Duarte, idealizador do projeto do polo. A refinaria, colocada à venda pela estatal, tem capacidade instalada para 50 mil barris de óleo por dia, mas o refino tem girado em torno de 18 mil e 20 mil barris diários.

O eteno ali produzido, hoje queimado ou consumido pela própria Petrobras, é essencial na produção do PVC e garantir sua oferta é um dos grandes desafios do projeto potiguar, na avaliação de fontes da indústria petroquímica.

Conforme Duarte, o projeto que começou a ser desenhado há cerca de 25 anos ganhou maior visibilidade a partir do ano passado, após chegar ao ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. Os prefeitos que iniciaram mandato no ano passado também abraçaram a proposta e, mais recentemente, o Estado demonstrou interesse. “Esse projeto pode reconfigurar a economia do Rio Grande do Norte. Ainda está em estágio inicial, mas está caminhando, com interesse firme de investidores e do poder público”, diz o economista. Hoje, o Brasil importa 100% da barrilha (usada na fabricação do vidro) e cerca de 40% do PVC que consome.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mossoró, Franklin Filgueira, somente no município, a expectativa é a de que sejam gerados 2,5 mil empregos diretos. Entre outras iniciativas para viabilizar o projeto, que ganhou o apoio do prefeito Alysson Bezerra, a prefeitura vai oferecer cursos de qualificação de mão de obra. Até novembro, afirma Filgueira, o consórcio deve apresentar o cronograma físico e financeiro do projeto e a previsão é a de que obras sejam iniciadas no terceiro trimestre de 2022.

Se for assinante, veja AQUI a publicação na edição dessa terça-feira (22) do Valor Econômico.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUI e Youtube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Economia

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    A PREVISÃO É DE QUE AS OBRAS SEJAM INICIADAS NO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2022.
    Esqueceu de dizer se antes ou depois das eleições…
    Recomendo uma leitura atenta da matéria.
    “PROJETO COMEÇOU A SER DESENHADO HÁ CERCA DE 25 ANOS…”
    Vamos torcer para tudo dar certo.

  2. Magno diz:

    Isso é, se o olhudo Ceará não arrastar pra lá. Pense num povo pra tirar do RN. KkkkkkK divulguem muito não… Podemos perder pra eles.

Deixe uma resposta para Inácio Augusto de Almeida Cancelar resposta

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2024. Todos os Direitos Reservados.