• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 29/08/2021 - 06:48h

Recado às nuvens

Por Marcos Ferreira

Já estamos no finalzinho de agosto e há muito não cai do céu uma gota d’água. Não ao menos nesta Mossoró, terra do Sol e do calor. E por este resto de ano, ao que indicam as sérias projeções da moça do tempo, não mais haverá de chover por aqui. Um verdadeiro suplício para a nossa ressequida aldeia.

Onde vocês estão, nuvens de chuva, que tantas águas derramam por este imenso país, no entanto não vêm aqui trazer uma garoa sequer? A fauna e a flora, o nosso poluído rio, os açudes e os trabalhadores do campo, todos estão por demais necessitados. A falta d’água, sobretudo na zona rural, faz brotar a fome com espantosa velocidade, contribui drasticamente para a escassez de alimentos.nuvens, céu, menino, escada, pinturaHá muita poeira sobre nossos telhados e espíritos, em nossos olhos e corações. Venham lavar as nossas almas, benditas nuvens. Tragam algumas boas chuvas para esta província de céu escandalosamente azul. Sim, um pouquinho de gris não fará mal a estes longes onde é possível estrelar ovos no asfalto.

Quando a chuva vier, quem sabe uma por quinzena, aí daremos uma festa. Faremos, por que não, uma dança da chuva. Que tal, senhoras nuvens chuvosas?! Imagino que não estou pedindo muita coisa, posto que há diversos lugares neste Brasil e no mundo padecendo justamente devido ao excesso de precipitações pluviométricas, usando aqui expressão bem típica dos meteorologistas.

Vindo a chuva, de preferência no período da tarde, sairemos para as calçadas de peito aberto. Buscaremos as calhas, as biqueiras com maior volume d’água. Homens, mulheres e crianças, todos numa confraternização líquida e pura. Algumas pessoas, como se dava outrora, usando sabonetes e xampus.

Nesses dias, em caráter excepcional, os patrões dispensarão os seus empregados mais cedo, para que estes possam usufruir do grande e abençoado evento de uma tarde de chuva. Assim como se fazia em jogos de copa do mundo de futebol. Mossoró inteira prestigiará a duradoura, volumosa e serena água caindo do espaço, sem necessidade de guarda-chuvas nem ocorrência de raios e trovões.

— Obrigado! — diremos olhando pro céu.

Ninguém se incomodará (quero me referir ao público feminino) se o cabelo arrumado e engomado na véspera perderá o efeito da pranchinha e do secador. É provável que tais mulheres, sabedoras de que se trata de uma semana com chuva iminente, evitarão gastos desnecessários com salões de beleza.

O ponto alto na programação recreativa dos mossoroenses, não importando a classe econômica do indivíduo, seu status ou religião, será unicamente um longo e revigorante banho de chuva. Pode ser em qualquer parte do município onde a pessoa se encontre, debaixo ou não de uma biqueira. O que vale, senhoras nuvens, é nos deixarmos lavar e envolver pelo abraço benfazejo da água.

Aqueles que porventura estiverem no meio do trânsito, guiando os seus veículos, não podem se furtar dessa experiência. Orienta-se, pois, que estacionem de imediato e se exponham ao fenômeno pluviométrico (eis a palavrinha outra vez). Cidadão algum há de ignorar ou desmerecer tal acontecimento.

Será uma imagem graciosa, um colírio para os olhos, assistirmos à meninada festiva em meio ao aguaceiro, bandos de moças com as suas roupinhas casuais e ainda mais coladas a seus corpos pela ação da água, felizes, descontraídas, suscitando pensamentos outros em nossas cabeças de marmanjos à espreita. Dias venturosos serão esses, senhoras nuvens. Tudo isso depende de vocês.

Tragam chuva para Mossoró. Pode ser, como eu disse, apenas uma por quinzena. Contanto que seja duradoura e, se possível, à tarde. Que o bom São José me perdoe por tê-lo driblado, prescindo da sua intercessão junto a vocês, amigas nuvens carregadas. Deus sabe que assim procedo por causa nobre.

Minha terra é bonita, embora a violência, a criminalidade, ofusque e contradiga a nossa propaganda de povo hospitaleiro, gente pacata; essas velhas e batidas peças publicitárias de que o Palácio da Resistência faz uso sem muita veracidade e nenhum pudor. De resto, amigas nuvens, este é um lugar interessante. O que está nos faltando, e desde sempre, é a dádiva de um refrigério climático.

Não lastimarei que em minha rua, que possui escoamento extremamente precário, fiquemos com a água na altura dos joelhos. O que é que tem?! Será este um pequeno transtorno em favor de um bem maior, coletivo. Outros locais ficarão alagados, a exemplo do Centro, ainda assim agradeceremos.

Vocês precisam ver o pequeno rio em que se transforma esta Euclides Deocleciano, aqui no Conjunto Walfredo Gurgel, quando bate uma boa chuva. É um espetáculo! A água invadia as casas e aí os moradores, sem o socorro dos políticos desta urbe há décadas, tiveram que construir barreiras diante de suas portas. Aqui em casa ela ultrapassa o portão e vem lamber a minha soleira.

Todavia, amigas nuvens, não se preocupem com isso. Não lhes compete. Esse é tão só um problema crônico de drenagem que nossos homens públicos, principalmente por parte daqueles que se aboletaram na cadeira da prefeitura, têm ignorado olimpicamente há longos anos. Por ora, façam chover.

Nesses começos de tarde, quando o calor nesta província atinge níveis abrasadores, por mais de uma vez abandono esta escrivaninha e vou para debaixo do chuveiro. Poucos minutos depois, ao deixar o banho e percorrer alguns metros até alcançar uma toalha pendurada no varal, eis que meu corpo já se encontra praticamente seco. O vento que circula parece originário de uma fornalha.

Tragam-nos chuva, amigas nuvens. Não liguem para as goteiras no meu telhado. Eu me viro aqui com umas panelas e baldes. Estamos carecidos do líquido que vem do alto. Nossas árvores vêm sofrendo. O céu de Mossoró está num completo desmantelo azul, como naquele soneto do Carlos Pena Filho.

Será bom, repito, um pouco de gris no espaço. Daí a pouco o Sol reaparece e todas as cores retomarão exuberantemente os seus devidos lugares. Mas a chuva, ao menos uma a cada quinze dias, representará uma bênção. A vegetação renascerá das cinzas, os pássaros cantarão intensamente, a orquestra dos sapos e rãs convocará seus membros para uma apresentação em caráter urgentíssimo.

Ah, amigas nuvens! A água é a origem da vida. E nossas vidas ficarão mais alegres com a chuvarada. Atendam, se acaso me ouvem, esta súplica mossoroense. Prometo, para me redimir com São José, acender uma vela ao padroeiro das chuvas no sertão. Fico por aqui. Suponho que já falei muita água.

Marcos Ferreira é escritor

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Amorim diz:

    Pois é, sempre brilhante e emocionante.
    Logo me veio a mente a letra e musíca do Luiz Gozaga; Último Pau de Arara.
    Essa ” seca” dá até saudades de colocar panelas para aparar água das goteiras, que quando criança, fazia “emburrado”.
    A quentura ta tão grande que se frita ovos a sombra.
    Repito, um planeta Terra é um ser vivo! Está apenas reagindo.
    Fico aqui pensando nos homens da caatinga.
    Um abraçaço.

    • Marcos Ferreira diz:

      Prezado Amorim,
      Bom dia…
      Concordo com você: nosso planeta Terra está apenas reagindo às nossas inconsequências e abusos ambientais. No fim desse acerto de contas, pode crer, levaremos a pior. Já começou. Forte abraço e até domingo.
      Marcos Ferreira.

  2. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Com a falta de chuvas o agravamento da miséria de um povo que sofre os efeitos da seca há séculos.
    A classe política a tudo assiste com a satisfação trazida pela certeza de que é muito fácil manter no cabresto um povo faminto.
    Semana que findou o GOVERNO FEDERAL disponibilizou através do BANCO DO BRASIL mais de DOIS BILHÕES DE REAIS para amenizar os prejuízos sofridos pelos produtores rurais da região Sul por conta das fortes geadas.
    Certamente a bancada federal dos estados vítimas das geadas se movimentou e conseguiu amparo para os seus produtores rurais.
    O que fez até este momento a bancada dos estados cujos produtores tudo perderam com a estiagem?
    Chegou algum centavo para os nossos produtores rurais vitimas de uma das maiores seca da história?
    Que este DESCASO com os produtores rurais nordestinos por parte dos que ocupam cargos em Brasília seja lemnrado nas próximas eeleições, independente da cor partidária.
    DOIS BILHÕES DE REAIS PARA O SUL.
    NEM UM SÓ CENTAVO PARA O NORDESTE.
    Tudo por culpa de representantes que não têm o menor compromisso com a região e com o povo nordestino.
    Até quando, meu Deus?

    • Marcos Ferreira diz:

      Prezado Inácio Augusto de Almeida,
      Bom dia…
      Sua análise da problemática da seca neste Nordeste massacrado pela omissão política é certeira. Em se tratando de representação por parte dos nossos homens e mulheres públicos, desde sempre, comemos o pão que o diabo amassou. Grato por sua leitura e depoimento. Forte abraço e até domingo.
      Marcos Ferreira.

  3. Rocha Neto diz:

    Realmente estamos carecendo e muito das nuvens pesadas e escuras que se formam no céu, aquelas que nos alegram pois sabemos que é o cenário propício que faz cair do espaço e correr pelo nosso torrão quente de nome Mossoró, a água que sonhamos para deixar o calor capaz de assar frango em uma brisa suave que nos leva ao deitar, dormir e sonhar com um alvorecer perfumado pelas folhas banhadas pela pureza da água de chuva que Deus nos manda em momentos certos e tempo perfeito, então São Pedro que além de chaveiro é tambem o administrador das águas das chuvas que caem em nosso universo, deveria colocar em sua agenda as súplicas de Marcos Ferreira, aqui de Mossoró, que como eu e todos estamos a temer em ficar com a nossa pele assada não pela brasa do carvão vegetal, mais a do sol que nos queima mais lentamente.
    São Pedro, quando rogares à Deus chuva para nosso torrão, lembre que não precisa ser com muita intensidade, também não precisa ser um tiquinho não; de maneira mediana nos satisfaz e muito, pois com certeza irá fazer nosso cronista Marcos, se refrescar, dormir, sonhar e recarregar sua inteligência impar para nos brindar com mais um grande texto literário para o próximo domingo., isso se durante esta semana Marcos venha a ser adulado por Vossa Santidade Pedro, dono das chaves do céu e administrador universal das águas, como reza a nossa crendice popular.
    No mais amigo Marcos, torço não só pelo seu bem estar, mais sim de todos nós, por isso termino meu este meu comentário lembrando mais uma vez a São Pedro, que não precisa fazer a água da chuva que estamos a sonhar chegar até a soleira de sua residência, pois Natália lava a mesma vez por outra, principalmente quando Gudãozinho faz suas peraltices.
    Inté o próximo domingo. Saúde e paz.

    • Marcos Ferreira diz:

      Querido Rocha Neto,
      Boa tarde…
      Torçamos, portanto, para que os bons ventos nos tragam grandes nuvens de chuva para o lado de cá. O calor no período da tarde, sobretudo, está fora do comum. Grato, mais uma vez, por sua leitura e participação neste espaço. Forte abraço e uma ótima semana para você.
      Marcos Ferreira.

  4. Aluísio Barros de Oliveira diz:

    Muito bem, MF. Ser lírico, mas sem perder a viagem. Parecia-me, o tempo inteiro, ouvir o momento em que o locutor da velha Difusora anunciaria a canção “Súplica cearense”, do Luís Gonzaga. Que chova logo pois este sirôco já nos atormenta. Crônica necessária.

    • Marcos Ferreira diz:

      Querido poeta Aluísio Barros,
      Boa tarde…
      Você acertou na mosca. Em boa parte desta crônica, seja dito, eu me inspirei na “Súplica cearense”, belíssima composição de Gordurinha consagrada pelo inigualável Luiz Gonzaga. Pois é, ninguém aguenta mais este siroco. Que os bons ventos nos tragam chuva. Forte abraço e uma ótima semana para você.
      Marcos Ferreira.

  5. Simone Martins diz:

    Bom dia, Marcos Ferreira!
    Impressionante como você nos faz ver, como num filme em nossa imaginação, com riqueza de detalhes, as situações apresentadas em sua crônica “Recado às Nuvens”. Situações estas com as quais nos
    deparamos diariamente porque representam, com veracidade, a nossa realidade nua e crua.
    Não me canso de lê-lo e admirá-lo por sua versatilidade, poder de adentrar nos mais variados temas com a desenvoltura de um grande mestre da escrita!
    Aplausos a ti, grande Marcos Ferreira!

    • Marcos Ferreira diz:

      Minha querida professora Simone Martins,
      Boa tarde…
      Eu não poderia escrever menos do que isso, sendo aluno de quem fui. E ainda sou. Muitíssimo obrigado pela leitura, pelo carinho e incentivo de sempre. Você, não me canso de repetir, no tocante à escrita, tem muita responsabilidade por eu estar onde hoje estou, modéstia à parte. Um grande abraço e uma ótima semana para você.
      Marcos Ferreira.

  6. VANDA MARIA JACINTO diz:

    Olá, amigo e grande Poeta Marcos!

    Que deliciosa crônica! Senti até o cheirinho de terra molhada… Perfeita!
    Mas, sem perder a esperança, setembro vem aí… quem sabe seremos contemplados ao menos com a chuvinha do caju?

    Abraços

    • Marcos Ferreira diz:

      Amiga Vanda Jacinto,
      Boa tarde…
      Grato por sua leitura e palavras de carinho. Você agora me deixou esperançoso com essa possibilidade das chuvinhas do caju. Eu não tinha levado isso em conta, sequer recordado dessa “estação”. Assim, amiga, que venham as benditas chuvas do caju. Estamos precisando muito. Forte abraço e uma ótima semana para você.
      Marcos Ferreira.

  7. Marcos diz:

    Kkkk boa Marcão, porém chover aqui de quinze em quinze dias é utópia, desde que me entendo de gente, morador dessa sempre aquecida terra de Santa Luzia nunca presenciei um ano assim,,, mas com as mudanças climáticas onde dizem por aí que o sertão vai virar mar e o mar virar sertão, quem sabe !!!! Parabéns.

    • Marcos Ferreira diz:

      Querido amigo Marcos Rebouças,
      Boa tarde…
      A ideia de regulares chuvas quinzenais, admito, é licena poética. No mais, convenhamos, estamos muito necessitados de chuvas, seja qual for a periodicidade. Quanto às mudanças climáticas, amigo, realmente a coisa está muito séria. Não sei onde vamos parar com tantas agressões e abusos contra a Natureza. Grato, mais uma vez, por sua leitura e presença neste espaço. Forte abraço e uma ótima semana para você.
      Marcos Ferreira.

  8. João Bezerra de Castro diz:

    [29/8 12:25 PM] Joãozinho Castro: “Recado às nuvens”, crônica de Marcos Ferreira publicada no Blog Carlos Santos no último domingo de agosto/21, parece um tratado sobre a situação climática de Mossoró.
    Com o talento de mestre na arte de escrever e convencer, o cronista atingiu a alma de quem, assim como eu, teve a alegria, apesar das carências materiais, de viver a infância e parte da adolescência, nas décadas de 60 e 70, em Mossoró.
    Com a leitura, fiz uma viagem recheada de bons e maus momentos, natural na vida de todo cidadão que aplaude o avanço e critica o atraso da terra que o acolheu.
    Por oportuno, meses atrás, em viagem a Mossoró, enchi-me de tristeza ao observar o estado lamentável do rio Mossoró.
    Daí, elaborei o seguinte texto, em forma de desabafo:
    [29/8 12:25 PM] Joãozinho Castro: O RIO de minha infância não é o Nilo, não é o Tejo, não é o Tâmisa, não é o Sena.
    O RIO de minha infância é o RIO MOSSORÓ, no Rio Grande do Norte.
    As águas do RIO de minha infância lavaram o meu corpo e mataram a minha sede.
    Hoje, depois de tantas décadas, vejo o RIO de minha infância transformado em esgoto.
    Quanta saudade sinto do RIO de minha infância!

    • Marcos Ferreira diz:

      Caro João Bezerra de Castro,
      Boa tarde…
      Grato, novamente lhe agradeço, por sua leitura e palavras de incentivo à minha escrita. Quero me ater, porém, ao belo depoimento que você aqui deixou sobre o nosso rio Mossoró, tão massacrado pela poluição e pelo descaso dos gestores públicos. Nas suas palavras, meu caro, com sensibilidade e tristeza, você verteu um belo poema, uma ode ao rio Mossoró. Poesia pura! Só precisa (recomendo) organizar as linhas em forma de versos. Aí está a minha opinião. Forte abraço e uma ótima semana para você.
      Marcos Ferreira.

  9. Luiza Maria Freire de Medeiros diz:

    Com um convite desse, a chuva quis se fazer presente e o céu de Mossoro as 13 horas se cobriu com as amigas nuvens. Como se elas tivessem ficado encantas com tanta poesia, resolveram aparecer. Quem sabe , na próxima vez , tragam a chuva.
    Como as nuvens, estou aqui imaginando o cenário descrito pelo poeta

    • Marcos Ferreira diz:

      Querida Luíza Maria,
      Boa tarde…
      Você, como sempre, sensível e habilidosa com as palavras. Grato, portanto, por sua leitura e por este seu belo e inteligente comentário. Uma ótima semana para você e até domingo.
      Marcos Ferreira.

  10. Rizeuda da Silva diz:

    Chamarei de prosa poética pela beleza e sensibilidade nas palavras. Assim, confere um certo charme, e quem sabe, não teremos a tão esperada chuva. Aqui pras bandas do Norte, esperarei que gotas de ouro deslizem na minha pele de marfim, e toda pureza que a água descerra, seja um cântaro de poesia. Belíssimo poeta, Marcos Ferreira. Abraços!

    • Marcos Ferreira diz:

      Querida amiga Rizeuda da Silva,
      Boa tarde…
      Obrigado por sua leitura e instigante comentário, contudo quero ressaltar a poeticidade de suas palavras no seguinte trecho: “Aqui pras bandas do Norte, esperarei que gotas de ouro deslizem na minha pele de marfim, e toda a pureza que a água descerra, seja um cântaro de poesia”. Que coisa linda! Estou ansioso por ter em mãos o seu livro de poemas, que sei estar em avançada preparação. Uma ótima semana para você e até domingo.
      Marcos Ferreira.

  11. Airton Cilon diz:

    Chuva de menos, fome demais, escassez demais. Que sua súplica sertaneja poética possa sensibilizar as senhoras nuvens…
    Abraços poeta escritor Marcos Ferreira!

    • Marcos Ferreira diz:

      Meu caro poeta Airton Cilon,
      Boa tarde…
      Estamos realmente necessitados. Como você bem disse: “Chuva de menos, fome demais, escassez demais”. Que os bons ventos, portanto, nos tragam grandes nuvens de chuva. Serão muito bem-vindas. Forte abraço e uma ótima semana para você.
      Marcos Ferreira.

  12. Alcimar Jales diz:

    Boa noite, meu amigo Marcos. Já aqui no Rio
    Começou no domingo e ainda chove.
    As vezes fico pensar; porque essa chuva não poderia ser no meu querido nordeste. Lembro quando crianças lá no Santa Delmira,a felicidade que ficávamos quando chuva…

    • Marcos Ferreira diz:

      Querido amigo Alcimar Jales,
      Boa tarde…
      Você agora me fez viajar no tempo. Que saudades daqueles nossos banhos de chuva no Santa Delmira, lá em meados dos anos 1980, se não me engano. Como diz a canção do Roberto Carlos, velhos tempos, belos dias. Mais uma vez, amigo, agradeço por sua leitura e presença neste espaço. Forte abraço e e uma ótima semana para você.
      Marcos Ferreira.

  13. Jessé de Andrade Alexandria diz:

    Com certo atraso comento aqui a crônica do nefelomante Marcos Ferreira. Recentemente li um conto do escritor italiano Antonio Tabucchi – do belo “Noturno Indiano” – chamado “Nefelomancia”. Neste, um oficial da reserva italiano divide suas preocupações metafísicas com uma garotinha peruana-italiana numa praia qualquer da Croácia. Aqui e ali nos preocupamos com a natureza – que, já se sabe, pode muito bem existir sem nós -, porque é uma forma de preocuparmo-nos com nós mesmos. Somos parte dela, os indígenas brasileiros há muito nos ensinam. Uma filosofia de vida que seja capaz de adivinhar o futuro através das nuvens, quem não quer? Difícil é compreendermo-las. Mas há os que as compreendem: chamam-nos nefelibatas. Prefiro chamá-los poetas, que são – como nos ensinou Heidegger – aqueles que habitam a casa do ser, a que chamamos linguagem. Bela crônica.

    • Marcos Ferreira diz:

      Caro Jessé de Andrade Alexandria,
      Devo admitir que em matéria de literatura, sobretudo nestes últimos meses de estiagem, ando com a cabeça um pouco nas nuvens. Alás, muito nas nuvens. A escassez de chuvas, entretanto, irrigou e fertilizou esta última crônica sobre o desaparecimento do precioso líquido que se precipita do céu. No geral, enfim, contrastando com a aridez da terra de Mossoró e de todo este tórrido sertão, também devo reconhecer que minha verve anda bastante irrigada e dando frutos. Creio, pois, que me encaixo na sua análise (mais uma análise sensível e inteligente) vinculando o meu fazer literário aos nefelomantes e nefelibatas, este último, sobretudo, pelo prisma da visão poética sobre a vida e o mundo em torno. Grato, amigo, por sua leitura e participação sempre perspicaz e enriquecedora. Hoje, a propósito, temos nova crônica.
      Cordialmente,
      Marcos Ferreira.

  14. Misherlany Gouthier diz:

    Esta crônica é a descrição exata do nosso semiárido, do Nordeste, do sertão. Que leveza de pensamento…! Parabéns Marquinhos!!!!

    • Marcos Ferreira diz:

      Prezado amigo Misherlany Gouthier,
      Bom dia…
      Obrigado, mais uma vez, por sua leitura e enriquecedora participação neste espaço. Que os bons ventos nos tragam novas chuvas. Ao menos as chamadas chuvas do caju. Hoje, a propósito, já domingo, temos nova crônica.
      Forte abraço,
      Marcos Ferreira.

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