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domingo - 07/01/2024 - 06:22h

Refúgio

Por Bruno Ernesto

Imagem obtida via internet no perfil do instagram @avenicamag

Imagem obtida via internet no perfil do instagram @avenicamag

Ter uma cobertura remonta à ideia de que há sucesso financeiro e emprega um ar de sofisticação. O estrangeirismo ganha força com o “Rooftop”; além do “Frontstage” e o ”Backstage”. Nada contra.

Lá se vão 55 anos da famosa apresentação que os Beatles fizeram na cobertura da Apple Records, em 30 de janeiro de 1969. A última apresentação pública da banda que revolucionou o mundo culturalmente.

Foi uma despedida bem original. Certamente, uma ótima surpresa para quem passava pela rua. Até a polícia subiu para tentar manter o sossego sonoro dos sisudos britânicos.

Entretanto, os policiais mais assistiram à apresentação do que tentaram interrompê-la. Afinal, quem não gostaria de ver os Beatles tocando ao vivo, ali, na sua frente?  Vale a pena assistir. (Clique no link para assistir ao vídeo da apresentação na íntegra no YouTube //www.youtube.com/playlist?list=PL4fJeg9CXdTdxSzDzGPD22YVI1oqdFxtD )

Ter um cantinho para se refugiar, mais que nunca, é muito interessante. Diria, extremamente necessário. E esse cantinho reservado, necessariamente, não significa ser uma luxuosa cobertura. A simplicidade, talvez, seja mais acolhedora.

Até pouco tempo, podíamos desfrutar de um bom quintal nas nossas casas. Quem pôde crescer com um quintal em casa, sabe muito bem como ele podia se transformar num mundo à parte para uma criança com uma boa imaginação.

Lembro do livro Canto de Muro, de Câmara Cascudo, que narra o micromundo das criaturas que habitam o quintal. Ele descreve, brilhantemente, a vida de sapos, escorpiões, baratas, passarinhos, lagartixas, etc.  É uma outra face do mestre Câmara Cascudo, o romancista.

Se você se atentar, um espaço reservado é muito significante e restaurador. Tanto física quanto mentalmente. Nem precisa ir para muito longe para ficar no seu refúgio. Se isolar, ainda que momentaneamente; nem que seja para tomar um café, ler um livro, acender um incenso, tirar um cochilo, ficar com seu animal de estimação ou apenas ficar sozinho.

Quando estiver andando por aí, preste atenção ao seu redor. Olhe para as varandas e sacadas dos prédios. Veja aquele quintal com uma mesinha, cadeira e uma rede balançando. Olhe para o gato que observa tudo lá de cima e o cachorrinho desafiando quem passa.

Veja alguém gesticulando ao telefone, lendo um livro ou arrumando seu pequeno jardim suspenso. Vai ter gente olhando pra rua ou para o vizinho. Enfim, vai ter muita gente aproveitando seu refúgio.

Sou contrário à infinidade de leis que vigem no Brasil. Digo viger, pois é diferente de ter eficácia; o famoso ditado de que “a lei não pegou”. Todo mundo deveria ter garantido o direito de ter a sua varanda, quintal ou terraço. E vou além: todo quintal, varanda e terraço deveria ter, no mínimo, benefício tributário, tipo isenção do IPTU, IOF e imposto de renda.

Deveria ser política pública garantir esse santo espaço para as horas de descanso e refúgio. Afinal, não é obrigação do Estado e direito de todo cidadão, lhe ser garantido o direito à saúde? Inclusive a saúde mental?

Desculpem-me os tributaristas, economistas, tabeliães, oficiais de registro de imóveis e gestores públicos; mas é uma questão de saúde pública.

Permitam-me, ainda, fazer um paralelo: até bem pouco tempo, os carros não saiam de fábrica com freios ABS e airbag duplo – Olhe aí o estrangeirismo que mencionei no início desse texto -, como itens de segurança obrigatórios. Hoje não sai um carro de fábrica sem eles. É uma política pública de segurança. Salva vidas e economiza os recursos da saúde.

Dessa forma, caro leitor, não seria um absurdo, nem má ideia. Quem sabe, até poderia essa isenção tributária se estender a tudo que fosse destinado a essas áreas de descanso. Certamente fomentaria a economia.

As lojinhas de placas decorativas já poderiam acrescentar em seus estoques uma plaquinha informando que aquele local é isento de tributos por se tratar de uma varanda, quintal ou terraço e, sem dúvida, combinaria com todas as outras que já vemos no mercado.

Pequeno, grande, luxuoso, simples, varanda, terraço ou quintal. Tudo vira refúgio quando se quer apenas descansar, repor as energias, organizar ou reorganizar os pensamentos.

Bruno Ernesto é professor, advogado e escritor

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. naide maria rosado de souza diz:

    O refúgio é onde converso com minha alma e com outras, também.

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