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domingo - 16/04/2023 - 14:28h

Sinais de crise na viagem de Lula à China

Foto ilustrativa

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Por Ney Lopes

O Brasil continua sendo vítima das declarações desconexas e intempestivas dos seus últimos Presidentes, gerando crises e impasses para o país.

Na psicologia existe a patologia da logorreia ou logomania, que é um transtorno comunicativo, em que a pessoa fala compulsivamente e tem um discurso incoerente.

A pessoa com esse transtorno sente uma vontade incontrolável de falar e não pesa o que diz.

Infelizmente é o que parece ter acontecido com Bolsonaro e agora Lula.

Inegavelmente, Lula tenta recolocar o Brasil no cenário internacional.

Entretanto, é o caso de lembrar o provérbio chinês: “O destino lhe atira uma faca. Cabe a você decidir se pegará pelo cabo e usará a seu favor ou a pegar pela lâmina e se cortará”.

Nada a opor a aproximação com a China.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil.

O comércio bilateral atingiu em 2022  a US$ 89,7 bilhões, o terceiro recorde anual consecutivo.

O Brasil desempenha, em particular, um papel importante na segurança alimentar da China, compondo mais de 20% das importações agrícolas do país asiático.

Porém, a visita oficial à China deixa rastros de séria crise diplomática, pela forma como o Presidente Lula se referiu aos Estados Unidos.

Na viagem a Washington, Lula assinou declaração em que criticava a invasão da Rússia ao território da Ucrânia, um dos objetivos da diplomacia americana.

Já na declaração firmada na China, o Brasil reconhece publicamente que “recebeu positivamente ” o plano de paz de Beijing para o conflito, que é formulado em acordo com a Rússia.

Analistas identificam uma “jogada” de russos e chineses, vendo com simpatia o Brasil afastar-se da Casa Branca e construir um grupo de países que seria “supostamente imparcial” para negociar uma solução do conflito.

Mas, tudo indica que não dará certo.

Os jornais “Wall Street Journal” e “Washington Post” publicaram editoriais sob os títulos “Xi Jinping, da China, e Lula, do Brasil, assumem postura unida contra os Estados Unidos” e “Ocidente esperava que Lula fosse um parceiro. Ele tem seus próprios planos”.

Por outro lado, Lula foi claríssimo ao manifestar o desejo de aliar-se à China, ao afirmar que quer trabalhar com Pequim para “equilibrar a geopolítica mundial” e “ampliar as trocas comerciais”.

Foi mais além ao declarar: “Ninguém vai proibir aproximação entre Brasil e China”.

Não se trata obviamente de “proibição”, mas o Brasil não pode afastar-se dos Estados Unidos. Terá que manter abertas as portas de Washington e Pequim.

Afinal, a história mostra que os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil em 1824.

O rápido reconhecimento da independência do Brasil foi motivado pela Doutrina Monroe, diretriz de política externa criada pelo ex-presidente James Monroe, 1817-1825, que defendia “a América é para os americanos”.

No cenário geopolítico atual, o Brasil tem todas as condições para manter a posição histórica de sua competente diplomacia, sempre numa linha multilateral e realista.

O país com 200 anos de tradição diplomática sólida e admirada no mundo, não pode envolver-se em posições que desequilibram até a geopolítica mundial.

Ninguém pode desconhece os manuais da guerra, que citam teoria conhecida como Armadilha de Tucídides, a qual postula que, quando uma potência em ascensão ameaça o papel dominante de uma outra potência estabelecida, o embate é quase inevitável.

 E, ao que parece, já começou.

Uma segunda Guerra Fria, à moda da anterior, entre Estados Unidos e China significa que estamos diante de um novo conflito, mesmo considerando que os dois continuam ganhando com trocas comerciais.

Lula ao final da viagem cancelou a entrevista à imprensa, alegando que a agenda do dia havia sido “muito intensa” e ele “estava o pozinho da rabiola”, muito cansado.

Nada disso.

Certamente alguém o alertou e ele evitou novas e desastradas declarações, colocando o país como parceiro de Pequim e de Moscou e no mínimo criando dúvidas em relação aos Estados Unidos.

O coroamento da logorréia lulista foi dar um “carão” nos Estados Unidos, ao afirmar de alto e bom som: “parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz”.

A única conclusão é que Lula inviabilizou a sua intenção de tornar-se “mediador” na guerra da Ucrânia.

Melhor falar menos, de agora por diante.

Ney Lopes é jornalista, advogado e ex-deputado federal

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Categoria(s): Artigo / Política

Comentários

  1. A de Andrade diz:

    Qualquer comparação de Lula com Bolsonaro, em qualquer sentido ou assunto, é no mínimo desonestidade intelectual. Pra não dizer coisa pior.

  2. Anderson diz:

    Mais um lambe botas de americanos. Vai pra Miami!

  3. Rocha Neto diz:

    Mais uma vez o mestre Ney se supera. Inerente ao que estar escrito em tela, pouco, o ex-presidente Bolsonaro e o atual presidente Lula teriam capacidade de assemelhar aquilo que o autor expôs com tamanha clareza.
    A forma mais/menos acadêmica do autor, Lula e Bolsonaro não alcançam, pois a confirmação disso já subtraímos desde os pobres debates dos dois durante a campanha eleitoral, pois tivemos candidatos na reta final despreparados, um usando palavras inadequadas, outro tentando enganar com discursos e promessas pretéritas, pois já havia estado no poder por duas vezes, teve oportunidade de realizar e não concretizou.
    No terceiro mandato com o ministério que escolheu, o Brasil tá fadado a uma crise econômica e social sem precedentes.
    É uma pena, nós brasileiros não merecemos!

  4. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAUJO diz:

    O Ney Lopes de souza, continua abertamente subestimando a inteligencia dos leitores do blog Carlos santos, quando de forma desabrida e manifesta , ousa dar continuidade aos paralelismos pueris e falsas simetrias entre LULA e Bolsonaro.

    Posto que, o primeiro se trata de um Líder política de estatura mundial, já o segundo, tão somente ascendeu na política como um verdadeiro marginal representante da extrema direita e seu neo-nazifascismo, infelizmente, atualmente latente em grande parte do mundo, inclusive em nosso país.

    Essas seguidas tergiversações e afirmações do Ney lopes de souza, com certeza, derivam de uma doença UDENISTA de não aceitar a realidade, especialmente quando derrotado por um Partido e um presidente com história e respaldo realmente popular, que não só respeitas Leis, sabem administrar para a maioria, bem como tem largo espaço e cabedal político, inclusive internacional.

    Já o suposto Mito, até o mundo mineral sabe, especialmente da capacidade de destruir o nosso país, matar milhares de brasileiros e nos envergonhar perante o mundo diuturnamente, inclusive e mais ainda quando estava no exercício da Presidência da República do nosso país, Presidência essa de trista, tétrica , criminosa e nebulosa memória.

    Nesse sentido, para quem não sabe, o ressurgimento do neo-nazifascismo, inclusive made USA, deve-se sobremaneira às crises cíclicas do capitalismo especulativo (TÃO EM MODA ATUALMENTE), este, para tentar sobreviver as intempéries das próprias e endógenas crises cíclicas, passaram a se valer das big techs, redes sociais e portais de internet, como monumental instrumento de disseminação de mentiras e manipulação da realidade factual, em claro e manifesto favorecimento às corporações internacionais que concentram poder, renda e riqueza por todo o mundo, sobretudo no mundo dito ocidental.

    Quanto ao suposto articulista político Ney lopes de Souza, não se pode e não deve coadunar com a simploriedade , facciosidade, cinismo e escrotice das suas afirmações sempre à direita da direita do espectro politico ideológico. Nessa trilha, para quem não conhece a real história do político e advogado, basta pesquisar em fontes realmente idôneas.

    Em fim, Luiz Inácio LULA da Silva, queiram ou não, gostem ou não os Ney lopes de Souza da vida. LULA é um brasileiro respeitado internacionalmente, mesmo a despeito da intensa e permanente campanha de linchamento direto e indireto de parte da dita imprensa Tupiniquim contra esse mesmo LULA.

    Já o suposto Mito, na verdade um delinquente expulso do exercito que se retroalimentou no estuário da impunidade que tanto favorece os brancos de olhos azuis na terra de Pindorama desde tempos imemoriais. Em breve resumo BOLSONARO, de fato, é um Psicopata e Genocida, que brevemente será julgados face aos inúmeros crimes que cometeu, trata-se de um marginal um delinquente que enriqueceu ele e familicia, tendo na política, apenas um meio de impunidade permanente e enriquecimento da familicia e dos seus asseclas e apaniguados mais próximos.

  5. Carlos diz:

    Ney, sendo Ney…!!!!

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