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quarta-feira - 30/05/2018 - 00:22h
Abuso

TST barra greve preparada por funcionários da Petrobras

Maria de Assis Calsing: abuso (Foto: TST)

A ministra Maria de Assis Calsing, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), concedeu liminar (decisão provisória) na noite desta terça-feira (29) na qual classifica como “aparentemente abusivo” o caráter da greve de 72 horas de funcionários da Petrobras convocada para se iniciar nesta quarta (30).

Em caso de descumprimento da decisão, os sindicatos estarão sujeitos a multa de R$ 500 mil por dia, segundo a decisão da ministra.

Ela afirma que uma eventual paralisação dos petroleiros resultará na “continuidade dos efeitos danosos” da greve dos caminhoneiros.

“Beira o oportunismo a greve anunciada, cuja deflagração não se reveste de proporcionalidade do que poderia, em tese, ser alcançado com a pauta perseguida e o sacrifício da sociedade para a consecução dos propósitos levantados”, afirmou a ministra na decisão.

Saiba mais detalhes clicando AQUI.

Nota do Blog – É oportunista, sim. Insana, com objetivo de ampliar o “quanto pior, melhor”.

Seus organizadores estão a serviço de interesses partidários, sem atentarem para os problemas sociais.

Também não mediram que provavelmente não devem ter maiores dividendos eleitoreiros. A população não endossa esse tipo de movimento.

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Categoria(s): Política

Comentários

  1. Elves Alves diz:

    Essa paralisação de PETRALHEIROS cutistas, de evidente caráter irresponsável e politiqueiro, não teria outro objetivo senão o de engatar uma “segunda marcha” na famigerada “greve” (de trabalhadores autônomos?!) dos caminhoneiros. O triunfante “quanto pior, melhor” da esquerdalha corrupta enxotada do poder.
    A “primeira marcha” estampou-se óbvia e superlativa de ridículo, sobretudo quando se decidiu apregoar “intervenção militar já”, “fora temer” e “Lula livre”.
    Só faltou o Zelberto Zel emendar: “drão…” Mas essa é uma outra história.
    Interessante a imprensa não atentar para o fato de petralheiros faturando quase trinta mil reais, trabalhando de terno e gravata em sala refrigerada na avenida República do Chile, centro do Rio, e ganhando por “atividade insalubre”… Mas isso não é motivo para protesto, vê-se bem.

  2. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Esta greve não tem nada de política.
    O povo não suporta mais tanta CORRUPÇÃO. Corrupção e IMPUNIDADE.
    Os caminhoneiros não pararam por motivos políticos. Pararam porque finalmente se convenceram que estavam PAGANDO para trabalhar. O que recebiam de frete não cobria as despesas com combustível, pneus, desgaste do caminhão e despesas com alimentação. No final nada sobrava para a manutenção das suas famílias.
    Ouvi centenas de áudios de caminhoneiros chamando os políticos, Lula inclusive, de bandidos.
    Quem acha justo pagar mais de R$ 5,00 por um litro de gasolina que continue a gastar gasolina desbragadamente.
    Se todos nós saíssemos da nossa zona de conforto a gasolina baixava.
    Amanhã é feriado. Por que ninguém tirar o carro da garagem? Isto não farão. Amanhã é dia de Tibau.
    Só nos exploram e nos empobrecem porque nós permitimos.
    O culpado de todos somos nós. Nós que aceitamos passivamente condenados por prática de improbidade administrativa exercendo cargo eletivo.
    Que tal amanhã ninguém tirar o carro da garagem?
    ////
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS ANTES DA PASSAGEM DO SÉCULO?
    PARA QUE SERVE O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA?
    O ARRASTÃO DA FREI MIGUELINHO AINDA NÃO FOI ELUCIDADO. POR QUE A POLÍCIA NÃO REINICIA AS INVESTIGAÇÕES SOBRE ESTE ARRASTÃO E OUVE O EX-PROCURADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE MOSSORÓ, KENNEDY SALVADOR, QUE PUBLICOU NAS REDES SOCIAIS QUE O ARRASTÃO DA FREI MIGUELINHO FOI UMA FARSA?

  3. fernando diz:

    As elites usaram o verde e amarelo pra recrutar os patos coxinhas e agora coloca a conta dos combustiveis pra eles pagarem. O que tem de pato amarelo espalhado pelo Brasil dá pra eleger os golpistas pra fá o novo golpe.

  4. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    O Neo liberal Elvis Alves, mais parece um representante dos banqueiros disseminando sua plataforma escravista travestida de modernidade. Os chavões, os jargões , o ódio e a intolerância bem demarcam e caracterizam sua verborragia, bem como, faz saltar aos olhos de qualquer cidadão mediano, sua profunda ignorância sobre o que é político e não político.

    Ora Cara Pálida acorde para realidade antes que seja tarde…!!!
    Mesmo porque, por um acaso a greve dos caminhoneiros foi composta apenas e exercida diretamente por motoristas e caminhoneiros autônomos, ou de fato, for permeada em seu entorno dezenas de grandes empresas de transportes, fretes e cargas, tendo á frente patrões milionários determinando diretamente sobredita paralisação…!!!???

    Quanto a falácia de que os funcionários da Petrobrás ganham 30 mil reais…, me vem uma simples indagação ao suposto comentarista econômico/político chamado Elvis Alves o americanófilo à partir do nome. Quer dizer então, se a PETROBRÁS fosse uma empresa privada, não teria problema nenhum que seus funcionários ganhassem 100 mi reais…!!!???

    Pra seu governo, Sr.ELVIS, se Vossa senhoria não sabe, o candidato do PDT, Sr. CIRO GOMES , está digamos de ferias de um emprego que tem na COMPANHIA VALE DO RIO DOCE, ganhando mais de R$ 100 mil reais…!!!

    Nesse caso, pode ou não Douto Elvis….!!!???

    Engraçado que no raciocínio torto e torpe do mavioso e magnânimo Sr. ELVIS, sendo empresa pública de grande porte, de preferência com energia/petróleo em grandes e abissais quantidades, prontos pra ser entregue aos tubarões internacionais EXON, SHEL etc.,, não se pode de forma nenhuma fazer greve. No caso, fazer greve somente em condições miseráveis dos supostos caminheiros donos de grande empresas de transportes, fretes e cargas…Né MERMO….!!!???

    Nesse contexto, analisando e equalizando a fala do Sr.ELVIS ALVES denota-se perfeitamente tratar-se de um dos muitos milhões de brasileiros do chamado extrato alfabetizado formal, muito provavelmente da classe media baixa, porém sob uma chaga profunda do analfabetismo político, no que se iguala perfeitamente ao conhecido pobre de direta e em alguns caso de extrema direita.

    É exatamente o sujeito, o ser político, que do ponto de vista coletivo, a mídia literalmente transforma no maior inimigo dele próprio quando das suas falas e dos seus posicionamentos políticos, em fim quando do seu suposto exercício de cidadania.

    O ativista norte americano dos direitos civis e das minorias políticas nos USA, o grande MALCOLM X, já dizia em pleno seculo XX:

    “Se você não cuidar, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo.”

    Como se vê, é o que hoje se denomina popularmente de midiotas e (ou) imbecis do Facebook…!!!

    Nessa direção peço vênia aos Web-Leitores, bem como ao editor do Blog Sr. CARLOS SANTOS, para transcrever artigo do sociólogo JESSÉ SOUZA, ex presidente do IBGE, que dentre vários livros, escreveu a ELITE DO ATRASO – DA ESCRAVIDÃO Á LAVA JATO E A TOLICE DA INTELIGÊNCIA BRASILEIRA, vejamos:

    Quem são os brasileiros que odeiam pobre?

    O problema do Brasil é o ódio ao pobre: para que se possa odiar o pobre e humilhá-lo, tem-se de construí-lo como culpado de sua própria (falta de) sorte e ainda torná-lo perigoso e ameaçador. Se possível, deve-se enganá-lo, desumanizá-lo, maltratá-lo e matá-lo cotidianamente brasileiros que odeiam pobre direita elite preconceito

    Jessé Souza*, Diplomatique

    Este artigo é o resumo parcial de um fio condutor que percorre meu último livro, lançado em setembro pela editora Leya com o título A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Na publicação, busco enfrentar o desafio ambicioso de formular uma gênese histórica alternativa à narrativa hoje dominante, seja na direita, seja na esquerda do espectro político, da sociedade brasileira contemporânea.

    Como já defendi em outras obras,1 minha tese é a de que o liberalismo conservador é a narrativa oficial do Brasil moderno, inclusive para a esquerda colonizada intelectualmente pela direita. Os pais fundadores dessa leitura são Sérgio Buarque e Raymundo Faoro. A partir da entronização desses autores como referência universitária para a formação de todas as elites e, como consequência dessa consagração, também de tudo que a grande imprensa diz sobre o país, passa a existir um grande consenso inarticulado e pré-reflexivo que contamina praticamente tudo que se formule sobre o país no nível mais explícito dos argumentos.

    É necessário quebrar a hegemonia dessas ideias arcaicas e conservadoras para que a teoria e a prática política brasileira possam mudar de modo efetivo. A histeria acerca da corrupção política, por exemplo, identificada pela população e pela imprensa como o maior problema nacional, advém do domínio dessas ideias. A identificação de uma suposta elite todo-poderosa no Estado, e não no mercado, suprema tolice que possibilita a virtual invisibilidade da ação predatória dos oligopólios e da intermediação financeira, também é fruto dessa hegemonia. De resto, toda a cantilena da corrupção como herança cultural portuguesa, do advento de um patrimonialismo pré-moderno cujo racismo implícito já critiquei,2 serve para que supostas “heranças culturais” pensadas como “heranças de sangue” fiquem no lugar de uma análise científica dos conflitos sociais e da gênese da desigualdade social. A tese dominante do patrimonialismo, como leitura hegemônica sobre a sociedade brasileira, foi a responsável por tomar a corrupção política como aspecto central e a desigualdade social como questão secundária. É essa inversão absurda de perspectiva e de prioridade que o livro pretende corrigir.

    Essa tese do patrimonialismo ocupa o lugar da centralidade da escravidão entre nós e representa uma estratégia de tornar invisível a própria herança desta. Embora no livro eu reconstrua a escravidão e seus efeitos desde o Brasil Colônia, aqui a limitação de espaço me obriga a inquirir acerca de sua feição mais moderna. Como se constrói, no século XX, uma sociedade que reproduz todas as iniquidades do ódio, humilhação e desprezo contra os mais frágeis que caracterizam a escravidão?

    Minha tese é que isso foi realizado como programa político conduzido conscientemente pela elite econômica, em primeiro lugar a elite paulistana, como forma de assegurar para si a condução ideológica da sociedade e limitar a ação política dos setores populares mesmo em um contexto de sufrágio universal. A astúcia da elite foi perceber, já no início do século XX, quando uma classe média começa a despontar de modo incipiente nas grandes cidades brasileiras, que, se os pobres poderiam ser oprimidos pelo cassetete e pelo fuzil dos policiais, a classe média exigia uma estratégia alternativa. Ao contrário da violência material, aplicada indiscriminadamente contra os pobres, contra a classe média a violência teria de ser “simbólica” para produzir cooptação e “convencimento”.

    A perda do poder político para Getúlio Vargas vai ser o ponto de inflexão dessa estratégia. Nesse momento, a elite econômica paulistana vai procurar se utilizar de seu “poder material” para construir as bases do seu “poder simbólico”. A ideia-guia foi construir uma hegemonia ideológica como forma tanto de reconquistar o poder político como de limitar o poder dos eventuais inimigos de classe alçados ao controle do Estado.

    A classe média não é uma classe necessariamente conservadora. Também não é uma classe homogênea. O Movimento Tenentista, conhecido como o primeiro movimento político comandado pelos “setores médios” no Brasil, revela bem essas características. Ainda que tenha sido protagonizado por oficiais militares de baixa e média patente (daí o nome “tenentismo”) a partir dos anos 1920, o movimento refletia já a nova sociedade mais urbana e moderna que se criava. A parte rebelde da instituição militar era uma expressão desses novos anseios.

    A oposição ao pacto conservador da República Velha, com suas eleições fraudadas e restritas, era o ponto de união entre os tenentistas. Dentro do movimento, no entanto, conviviam desde as demandas liberais por voto secreto e por maior liberdade de imprensa até o desejo de um Estado forte como meio de se contrapor ao mandonismo rural. Parte do grupo se radicalizou politicamente na Coluna Prestes, cujo líder, Carlos Prestes, seria o fundador do partido comunista brasileiro. Parte do grupo se alinhou desde a Revolução de 1930 com Getúlio Vargas, enquanto outra parte exerceu ferrenha oposição a ele todo o tempo. O nosso primeiro movimento político com claro suporte e apoio da classe média já mostra a extraordinária multiplicidade de posições políticas que essa classe pode abrigar.

    Quando Sérgio Buarque elegia o “patrimonialismo” das elites que habitam o Estado como o grande problema nacional, ele não estava dando vida, portanto, a nenhum sentimento novo. A “corrupção do Estado” era uma das bandeiras centrais do tenentismo. Poder-se-ia, por exemplo, perceber a corrupção do Estado como efeito da captura deste pela própria elite econômica que o usa para defender e aprofundar seus privilégios. Isso teria levado a uma conscientização coletiva dos desmandos de uma elite apenas interessada na perpetuação de seus privilégios.

    Não foi essa a interpretação que prevaleceu. A elite do dinheiro paulista, que havia perdido o poder político, ainda que mantido o econômico, agiu de modo astucioso, calculado e planejado. Percebeu claramente os sinais do novo tempo. A truculência do “voto de cabresto” estava com os dias contados. No lugar da “violência física” deveria entrar a “violência simbólica” como meio de garantir a sobrevivência e a longevidade dos proprietários e seus privilégios.

    Com o Estado na mão dos inimigos, a elite do dinheiro paulistana descobre a “esfera pública” como arma. Se não se controla mais a sociedade com a farsa eleitoral acompanhada da truculência e da violência física, a nova forma de controle oligárquico tem de assumir novas vestes para se preservar. O domínio da “opinião pública” parece ser a arma adequada contra inimigos também poderosos. O que estava em jogo aqui era a captura agora intelectual e simbólica da classe média letrada pela elite do dinheiro, formando a “aliança de classe dominante” que marcaria o Brasil daí em diante.

    Como se construiu esse projeto no alvorecer do século XX?
    A USP, a universidade do estado de São Paulo, foi criada por essa mesma elite desbancada do poder político e pensada como a base simbólica, uma espécie de think tank gigantesco do liberalismo brasileiro a partir de então, desse projeto bem urdido de contrapor a força das ideias generalizadas na sociedade contra o poder estatal, desde que este seja ocupado pelo inimigo político, à época representado por Getúlio Vargas.

    Sérgio Buarque é menos o criador e mais o sistematizador mais convincente do moralismo “vira-lata” que irá valer, a partir de então, como versão oficial pseudocrítica do país acerca de si mesmo. Como o “Estado corrupto” passa a ser identificado como o mal maior da nação, a elite do dinheiro ganha uma espécie de “carta na manga” que pode ser usada sempre que a “soberania popular” ponha no governo, inadvertidamente, alguém contrário aos interesses do poder econômico.

    Com base nesse eixo intelectual eivado de prestígio, essa concepção se torna dominante no país inteiro. Toda a vida intelectual e letrada vai respirar os novos ares. Isso não significa obviamente dizer que a USP não tenha produzido coisa distinta do liberalismo conservador das elites. Florestan Fernandes e sua atenção aos conflitos sociais realmente fundamentais provam o contrário. Existe uma tradição nesse sentido também por lá. Mas essa tendência é menos poderosa que a versão dominante, posto que sem a network com as editoras, as agências de financiamento, a grande imprensa e seus mecanismos de consagração; além de ela própria ter assimilado aspectos importantes da tradição conservadora elitista como a aceitação implícita ou explícita da tese do patrimonialismo.

    Desde essa época o “liberalismo conservador”, baseado no falso moralismo da “higiene moral” da nação, vai ser a pedra de toque da arregimentação da classe média. Isso não significa dizer que o moralismo não tenha eco também nas outras classes. Em alguma medida esse discurso nos toca a todos. Mas na classe média ele está em “casa”. É que as classes sociais estão sempre disputando não apenas bens materiais e salários, mas também prestígio e reconhecimento, ou em uma palavra: legitimação do próprio comportamento e da própria vida.

    As classes superiores, que monopolizam capital econômico e cultural, têm de justificar, portanto, seus privilégios. O capital econômico se legitima com o “empreendedorismo” de quem “dá emprego” e ergue impérios, e com o suposto bom gosto inato de seu estilo de vida, como se a posse do dinheiro fosse mero detalhe sem importância.

    A legitimação dos privilégios da classe média é distinta. Como seu privilégio é invisível pela reprodução da socialização familiar que esconde seu trabalho prévio de “formar vencedores”, ela é a classe por excelência da meritocracia e da superioridade moral. Estas servem para distingui-la e para justificar seus privilégios em relação tanto aos pobres como aos ricos. É que, se os pobres são desprezados, os ricos são invejados. Existe uma ambiguidade nesse sentimento, em relação aos ricos, que vincula admiração e ressentimento.

    A suposta superioridade moral da classe média dá à sua clientela tudo aquilo que ela mais deseja: o sentimento de representar o melhor da sociedade. Não só é a classe que “merece” o que tem por esforço próprio, conforto que a falsa ideia da meritocracia propicia, mas também a classe que tem algo que ninguém tem, nem os ricos, que é a certeza de sua “perfeição moral”.

    Como na imensa maioria dos casos não possui os meios para se envolver nas grandes negociatas que manipulam milhões, a classe média não tem sequer, na prática, o dilema moral de se deixar ou não corromper. Como justificação e legitimação da própria vida, o esquema moralista é, portanto, perfeito. Em relação aos poderosos, a classe média pode se ver sempre como “virgem imaculada” e moralmente perfeita.

    A elite do dinheiro soube muito bem aproveitar as necessidades de justificação e de autojustificação dos setores médios. “Comprou” uma inteligência para formular uma “teoria liberal moralista” feita com precisão de alfaiate para as necessidades do público que queria arregimentar e controlar. Esse tipo de “compra” da elite intelectual pela elite do dinheiro não se dá apenas nem principalmente com dinheiro. São os “mecanismos de consagração” de um autor e de uma ideia seguindo, aparentemente, todas as regras específicas do campo científico.

    Mas a quem pertencem os jornais, as editoras e os bancos e empresas que financiam os prêmios científicos? Desse modo, sem parecer “compra”, o expediente é muito mais bem-sucedido. Depois, usou sua posição de proprietária dos meios de produção material para se apropriar dos meios simbólicos de produção e reprodução da sociedade. É aqui que entra a relação que existe até hoje entre imprensa, universidade, editoras e capital econômico.

    Todo o discurso elitista e conservador do liberalismo brasileiro está contido em duas noções que foram desenvolvidas na USP – a universidade criada pela elite antiestatal paulistana – e depois ganharam o Brasil: as ideias de “patrimonialismo” e de “populismo”.

    Se o patrimonialismo torna invisível a base real do poder social ao estigmatizar o Estado e seus ocupantes sempre que as eleições ponham alguém não palatável pela elite da rapina econômica na disputa eleitoral, o populismo estigmatiza qualquer pretensão popular.

    A noção de “populismo”, atrelada a qualquer política de interesse dos mais pobres, serve para mitigar a importância da soberania popular como critério fundamental de qualquer sociedade democrática. Afinal, como os pobres, coitadinhos, não têm mesmo nenhuma consciência política, a soberania popular e sua validade podem ser sempre, em graus variados, postas em questão.

    O “voto inconsciente” corromperia a validade do princípio democrático por dentro. A proliferação dessa ideia na “esfera pública” por meio da sua “respeitabilidade científica” e depois pelo aparato legitimador midiático, que o repercute todos os dias de modos variados, é impressionante. Os best-sellers da ciência política conservadora comprovam a eficácia dessa balela.

    As noções de patrimonialismo e de populismo, distribuídas em pílulas pelo veneno midiático diariamente, são as ideias-guia que permitem à elite arregimentar a classe média como sua “tropa de choque” sempre que necessário. Elas, afinal, são as guardiãs da “distância social” em relação aos pobres, que é a pedra de toque da aliança antipopular construída no Brasil para preservar o privilégio, acesso aos capitais econômico e cultural, de 20% contra os 80% de excluídos em alguma medida significativa.

    O segundo ponto da justificação da classe média para baixo, em relação às classes populares, é o ponto mais interessante e que a transforma definitivamente na marionete perfeita da elite do dinheiro. A classe média brasileira possui um ódio e um desprezo pelo “povo” cevados secularmente. Essa é talvez nossa maior herança intocada da escravidão, nunca verdadeiramente compreendida e criticada entre nós. Para que se possa odiar o pobre e humilhá-lo, tem-se de construí-lo como culpado de sua própria (falta de) sorte e ainda torná-lo perigoso e ameaçador. Se possível, deve-se humilhá-lo, enganá-lo, desumanizá-lo, maltratá-lo e matá-lo cotidianamente. Era isso que se fazia com o escravo e é exatamente a mesma coisa que se faz com a “ralé de novos escravos” hoje em dia. Transformava-se o trabalho manual e produtivo em vergonha suprema, como “coisa de preto”, e depois se espantava que o negro não enfrentasse o trabalho produtivo com a mesma naturalidade que os imigrantes estrangeiros, para quem o trabalho era símbolo de dignidade. Dificultava-se de todas as formas a formação da família escrava, e nos espantamos com as famílias desestruturadas dos nossos excluídos de hoje, mera continuidade de um ativismo perverso para desumanizar os escravos de ontem e de hoje.

    Os escravos foram sistematicamente enganados, compravam a alforria nas minas e eram escravizados novamente e vendidos para outras regiões, eram brutalizados, assassinados covardemente. A matança continua também agora, com os novos escravos de todas as cores. O Brasil tem mais assassinatos – de pobres – que qualquer outro país do mundo. São 60 mil pobres assassinados por ano no Brasil. Existe uma guerra de classes hoje declarada e aberta. Construiu-se toda uma percepção negativa dos escravos e dos seus descendentes como feios, fedorentos, incapazes, perigosos e preguiçosos, isso tudo de forma irônica, povoando o cotidiano com ditos e piadas preconceituosas, e hoje muitos se comprazem em ver a profecia realizada. Não se entende a miséria permanente e secular dos nossos excluídos sociais sem esse ativismo social e político covarde e perverso de nossas classes “superiores”.

    O ódio secular às classes populares parece-me a mais brasileira de todas as nossas singularidades sociais. Como os preconceitos são sociais, e não individuais, como somos inclinados a pensar, todas as classes superiores no Brasil partilham desse preconceito. Ainda que, mais uma vez, ele esteja verdadeiramente “em casa” na classe média. Ainda que a classe média seja muito heterogênea, toda ela, sem exceção, inclusive o autor que aqui escreve, é portadora em maior ou menor grau desse tipo de preconceito. De alguma maneira “nascemos” com ele, o introjetamos e o incorporamos, seja de modo inconsciente e pré-reflexivo, seja de modo refletido e consciente, como ódio aberto. Mesmo quem critica os preconceitos os têm dentro de si, como qualquer outra pessoa criada no mesmo ambiente social. O que nos diferencia é a vigilância em relação a eles e a tentativa de criticá-los de modo refletido em alguns, e não em outros. Mas todos nós somos suas vítimas.

    Por favor senhores, LER NÃO TEM CONTRA-INDICAÇÕES…Então, se possível leiam e reflitam um pouco que seja…!!!

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  5. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Senhores, a respeito livro A TOLICE DA INTELIGÊNCIA BRASILEIRA, do sociólogo JESÉ SOUSA, digamos respeitosamente, um prólogo….:

    Todos os dias indivíduos normalmente inteligentes e classes sociais inteiras são feitos de tolos para que a reprodução de privilégios injustos seja eternizada entre nós. Para enxergar com clareza nosso real lugar no mundo, é fundamental compreender como nossa elite intelectual submissa à elite do dinheiro construiu uma imagem distorcida do Brasil de modo a disfarçar todo tipo de privilégio injusto. Os poucos que hoje controlam tudo precisam desse “exército de intelectuais” do mesmo modo como os coronéis do passado precisavam de seu pequeno exército de cangaceiros. Com uma abordagem teórica e histórica inédita, este livro oferece um caminho para devolver ao brasileiro a possibilidade de compreender as reais contradições de sua sociedade.
    Nos bolsos do 1% mais rico da população brasileira, está o resultado do trabalho dos 99% restantes. E assim é há muito tempo, diante do olhar passivo de toda a população. Se a maioria subjugada raramente levanta a voz contra esse estado de coisas, é porque a violência física que antes permitia uma desigualdade tão grande e uma concentração de renda tão grotesca foi substituída, no Brasil formalmente democrático de hoje, por uma espécie de “violência simbólica”, que se disfarça em convencimento pelo melhor argumento. Ao dominarem todas as estruturas do poder, da informação e da inteligência, os privilegiados monopolizam os recursos que deveriam ser de todos e abrem caminho para a exploração do trabalho da imensa maioria sob a forma de taxa de lucro, juros, renda da terra ou aluguel.

    Tamanha violência simbólica só é possível pelo sequestro da inteligência brasileira em prol desse 1% mais rico, que passa a monopolizar os bens e recursos escassos, sejam materiais ou ideais. Em vez de apontar para as causas reais da concentração da riqueza social e para a exclusão da maioria, essas concepções de intelectuais servis ao poder nos levam a acreditar que nossos problemas advêm da “corrupção apenas do Estado”, levando a uma falsa oposição entre o Estado demonizado, tido como ineficiente e corrupto, e um mercado visto como reino de todas as virtudes. Como as falsas contradições estão sempre no lugar de contradições reais, este livro é um apelo à inteligência viva dos brasileiros de modo a desvelar os mecanismos simbólicos que possibilitam a reprodução de uma das sociedades mais desiguais e perversas do planeta.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

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