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domingo - 04/03/2018 - 03:30h

Uma mensagem com foco no passado, sem pautar o futuro

Por Gutemberg Dias

No último dia 28 de fevereiro a prefeita Rosalba Ciarlini (PP), diga-se de passagem, atrasando em mais de uma semana o início do ano legislativo na Câmara Municipal de Mossoró, fez a leitura da mensagem anual do executivo aos vereadores e, também, à sociedade.

A mensagem não trouxe nada de novo do que a prefeita vem alardeando nos meios de comunicação. Na verdade, não trouxe nada. É um vácuo, inclusive muito distante do seu Programa de Governo apresentado em campanha

Se pararmos para analisar bem a mensagem, dá para enxergar uma sequência de três blocos de argumentação. No primeiro, a prefeita centra o olhar no retrovisor; o segundo, faz uma apresentação do que teria executado no primeiro ano de governo; o terceiro, ensaia expor algumas ações para 2018.

O olho no retrovisor mostra claramente que a prefeita e sua equipe, ainda, não têm luz própria. Isso fica claro em várias passagens da mensagem. A prefeita se remete à gestão passada logo no início do discurso quando diz: “Os problemas recebidos da administração anterior tornaram-se problemas da cidade, que estamos enfrentando. Todos lembram o caos que tomou conta de Mossoró. Encontramos servidores com salários atrasados, direitos desrespeitados”.

Em outros trechos da mensagem ela novamente se remete a gestão anterior, como quando trata dos terceirizados.

Prefeita usa números equivocados sobre a Saúde – Um fato que me chamou atenção na mensagem, foi que a prefeita trouxe um dado sobre a saúde no que se refere ao seu orçamento. Na ocasião ela disse – “Assumimos a gestão com um orçamento extremamente baixo, subdimensionado, da ordem de R$ 48 milhões. Para esse ano, o montante será de R$ 189 milhões.”

Creio que foi um equivoco, para não dizer outra coisa, informar que o orçamento da saúde era de apenas R$ 48 milhões.

O orçamento da saúde em Mossoró no ano de 2016 era aproximadamente de R$ 163 milhões, como pode ter encolhido em 2017 quase quatro vezes? Impossível! Só para se ter uma ideia os repasses federais superam em mais R$ 100 milhões, logo o orçamento jamais poderia ser inferior a esse montante.

Saindo do retrovisor, a prefeita elenca um rol de obras ou ações que estariam sendo implantadas pela sua gestão. Na realidade as obras são frutos de projetos que já vinham se arrastando de gestões anteriores, como o saneamento no bairro Abolição, o Centro Especializado em Reabilitação (CER), a reforma dos mercados públicos, entre outras.

Em determinado momento da mensagem, a prefeita traz a baila a importância do Mossoró Cidade Junina. Diga-se de passagem, é um evento relevante para o calendário de eventos de Mossoró e do Rio Grande do Norte. Ela traz dados de uma pesquisa da Universidade do Estado do RN (UERN) e ratifica a relevância com outra pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), órgão auxiliar da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (FECOMÉRCIO/RN).

Há uma meia-verdade quando afirma que para cada R$ 1 (um real) investido são gerados R$ 4 (quatro) na economia. Esqueceu de admitir que o MCJ 2016 foi o mais organizado e esvaziado dos últimos anos, uma tendência que vem se verificando há mais tempo. Já não atrai turistas de outras plagas, mas um público doméstico.

O Blog Carlos Santos dissecou o assunto à época, mostrando o que de verdade estava apontado na pesquisa da Fecomércio (Apesar de forte potencial, Cidade Junina virou festa “caseira”). Gente da periferia e de outros bairros prestigiou a programação e, pontualmente, algum público de municípios vizinhos, interessado em show de atração nacional. O evento encolheu, está bem menor. É irreal a propaganda que se promove dele.

A maior parte (74%) dos entrevistados que esteve no Mossoró Cidade Junina era da própria cidade. A pesquisa apontou ainda que 73,1% dos ‘turistas’ ficaram em casas de amigos ou parentes, em vez de usarem rede hoteleira. O público participante da festa é predominantemente do Rio Grande do Norte (90%), com os moradores de Mossoró, Natal e municípios da região Oeste aparecendo em destaque.

A mensagem lida pela prefeita Rosalba Cialini minimamente apresentou um balanço do seu primeiro ano de gestão e não pontuou metas claras para o ano de 2018, ou seja, foi superficial em quase tudo que apresentou e sempre com os olhos no retrovisor.

Apenas cinco parágrafos para 2018 – Na mensagem a prefeita destinou apenas cinco parágrafos para falar do planejamento para o seu segundo ano de gestão. As ações que foram citadas tratam do desenvolvimento de drenagens nos bairros Nova Betânia, Abolição, Santa Delmira, Santo Antonio e Barrocas, bem como, Pousada do Thermas, Cidade Nova e João Vinte e Três, Conjuntos Márcio Marinho, Santa Helena e áreas adjacentes; recuperação dos mercados públicos; retomada do projeto da ponte no prolongamento da rua General Péricles e; reordenação do Corredor Cultural Professor Antonio Gonzaga Chimbinho.

A propósito, esse projeto da reordenação do Corredor Cultural não é de sua gestão, mas começou na administração de Fafá Rosado (MDB) e esteve a ponto de ser viabilizada por Francisco José Júnior, que não conseguiu recursos para tal. Não há nada de novo, mas uma “herança bendita”.

O que todos nós estávamos esperando era uma mensagem que pudesse traçar os rumos para a retomada econômica do município com forte viés à atração de investimentos que pudessem girar o economia local e gerar emprego e renda; que houvesse ações efetivas com foco na modernização da máquina administrativa; que apresentasse metas claras relacionadas à mobilidade urbana, saúde e educação e; que tivesse apresentado parte das ações que estão no plano de governo.

Diante do que foi apresentado na mensagem, podemos dizer que “Mossoró Merece Mais!” Abra os links no boxe abaixo e veja a distância entre o prometido em campanha e o que está ocorrendo.

Leia também: O que está no Programa de Governo e não aparece na gestão:

Leia também: O que está no Programa de Governo e não aparece na gestão II.

Gutemberg Dias é licenciado em geografia, professor da UERN, empresário e ex-candidato a prefeito de Mossoró

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Categoria(s): Artigo

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