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segunda-feira - 15/10/2018 - 22:00h
Coluna do Herzog

O caráter punitivo do novo “voto útil”

Por Carlos Santos

O comportamento do eleitor nas urnas, este ano, produziu um novo conceito de “voto útil”. Ao contrário do que a Ciência Política define em seus compêndios ou em extensas teorias, votar útil passou a ser uma escolha para expurgo de favoritos, em vez de opção por alguém em especial.

Teve caráter punitivo, que se diga.

Esse fenômeno aconteceu por todo o país. Produziu mudanças consideráveis no Congresso Nacional e legislativos estaduais. Surpreendeu-me positivamente, porque é resultado da própria indignação do povo que selecionou outros personagens em vez de se anular.

Essa tsunami também não ficou localizada à esquerda ou a direita. Foi generalizada. A Câmara Federal terá menor número de sindicalistas, como também boa parte dos líderes da reforma trabalhista não retornará. Dos 32 senadores candidatos à reeleição, apenas oito se elegeram. Ou seja, 75% de mudanças. Na Câmara Federal, 157 deputados (43% dos 362 que eram candidatos à reeleição) não tiveram a aprovação.

Congressistas e os maiores partidos do país fizeram esforço graúdo à aprovação de uma minirreforma política que tecnicamente tornaria mais difícil a eleição de novidades. Encolheram as campanhas (45 dias), reduziram tempo em rádio e televisão, restringiram a propaganda nas ruas e aumentaram fundos partidário-eleitorais, além de outras medidas.

Não deu certo. Não combinaram com a massa-gente.

A revolta popular contra a política, os políticos e os partidos marchava para número alarmantes do chamado não voto (branco, nulo principalmente e abstenção), contudo terminou calibrada para exclusão de velhos caciques, políticos profissionais e muita gente às voltas com a justiça.

A campanha do voto nulo que favorecia indiretamente os políticos mais tradicionais, acabou perdendo para esse voto tático. A manobra de 180 graus do eleitor, que parece extraída da “teoria dos jogos”, é uma agradável surpresa para a jovem democracia brasileira, que quase não conhece alternância no poder, mas precisa promovê-la pela soberania popular, ou seja, o voto.

Como diz o reeleito deputado federal Tiririca, “pior que tá, não fica“. Será? Veremos, veremos!

PRIMEIRA PÁGINA

Fátima Bezerra ganha apoio do PSB em forma de combo – No final de semana, a candidata ao governo estadual pela Coligação Do Lado Certo, senadora Fátima Bezerra (PT), recebeu apoio do PSB com o deputado federal reeleito Rafael Motta (veja AQUI). No “combo”, o PSB incluiu o deputado estadual não reeleito Ricardo Motta. O parlamentar que enfrenta várias denúncias de corrupção ganhou espaço até para discurso efusivo ao lado da candidata, com farta divulgação em redes sociais. Quem precisa de adversário, hein?

Ricardo Motta discursa e é saudado no apoio do PSB e dele à Fátima e ao vice Antenor Roberto (Foto: divulgação)

Rosalba Ciarlini ‘descobre’ após quase nove anos que é a ‘mãe’ dos IF’s – No final de semana, a prefeita mossoroense Rosalba Ciarlini (PP) espalhou gravação em áudio e prints em redes sociais, garantindo que é a ‘mãe’ da série de Institutos Federais (IF’s) implantados/construídos no RN. Ainda provocou a senadora/candidata Fátima Bezerra (PT), tratando-a por “oportunista e mentirosa” – veja AQUI. Esquisito: a “Rosa” só percebeu o próprio feito agora, em plena corrida eleitoral, após ter saído do Senado em 2010, participado de várias campanhas e nunca ter apresentado a iniciativa como um feito seu. Vá entender. Deduzo que talvez tenha sido por modéstia ou esquecimento.

Bota-fora da velha guarda surpreende e promove aposentadorias – O “não” nas urnas que os senadores Garibaldi Alves Filho (MDB) e José Agripino (DEM) ouviram praticamente encerrou carreira de ambos. Colecionaram vitórias ao Senado e governo estadual, além de outros êxitos eletivos como é o caso de Garibaldi, que também foi deputado estadual e prefeito eleito do Natal. Contudo, é simplista se definir o insucesso de ambos como uma situação localizada no RN e particular do eleitor potiguar. Uma olhada no quadro eleitoral do país, logo permitirá que vejamos que eles foram atingidos por um cataclismo nacional. Agripino chegou a ser aconselhado por amigos a não abrir mão da disputa ao Senado, mas terminou tentando sobreviver concorrendo à Câmara Federal. Mas nem aí escapou. Ficou apenas como segundo suplente, atrás de Beto Rosado (PP). Garibaldi foi o quarto colocado ao Senado (veja AQUI).

Bolsonaro é a estrela em lugar de Rosalba (Foto: divulgação)

Bolsonaro passa a ser protagonista para dar fôlego ao rosalbismo – A prefeita Rosalba Ciarlini (PP) deixou de ser principal cabo eleitoral da candidatura ao governo de Carlos Eduardo Alves (PDT) e do vice Kadu Ciarlini (PP), seu filho, em Mossoró. Apesar de sua importância no universo paroquial, quem surfa como puxador de votos e principal estrela é o candidato Jair Bolsonaro (PSL). A foto do capitão substitui a figura de Rosalba, utilizada em larga escala no primeiro turno. A ordem é associar ao máximo a chapa estadual a Bolsonaro, fomentando o antipetismo como mal menor do que a perpetuação oligárquica. Paradoxalmente, o rosalbismo ganha novo fôlego sem Rosalba como protagonista. Coisas da política.

Eleição está encaminhada para Bolsonaro; disputa estadual segue indefinida – É pouco provável que Fernando Haddad (PT) consiga reagir e atropelar o primeiríssimo colocado em pesquisas e vencedor do primeiro turno, Jair Bolsonaro (PSL). A campanha caminha para consolidar vitória do seu adversário. Mas em relação à disputa estadual, não. O cenário é de indefinição, não obstante dianteira de Fátima Bezerra (PT) em relação a Carlos Eduardo Alves (PDT). Menos de duas semanas pela frente, tudo poderá acontecer. Quem errar menos, leva.

Narrativa do “gópi” contra Dilma não tem amparo nas urnas – Derrotada na disputa por uma vaga ao Senado em Minas Gerais, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) é uma das grandes frustrações petistas do pleito do último dia 7. Também foi figura jogada de lado e intencionalmente escanteada na campanha presidencial, tamanho seu desgaste para campanha de Fernando Haddad (PT). A militância inorgânica que é treinada para repetir bordões, chavões, clichês e versões de cima para baixo, sem questionar, testemunhou outro duro “gópi”. Segundo a teoria conspiratória, a “presidenta” foi ejetada do poder por ser honesta e fazer um grande governo. Nas ruas e nas urnas, o povo não entendeu assim.

Vários mantras petistas caem por terra; e o #EleNão? – O petismo precisa repensar um monte de coisas depois da campanha nacional deste ano. Há meses que prega o “Lula livre”, mas Lula continua preso. Gasta saliva desde 2016 com o “É golpe” e a grande maioria da população ignora essa tese conspiratória. O “Fora, Temer” saiu de moda e o presidente não deixou o Palácio do Planalto. Sobrou o #EleNão. As urnas no dia 28 próximo vão dizer se “sim” ou “não”.

Bolsonarismo dá desmontração de força como movimento político

É cedo, em minha ótica, para se afirmar que Jair Bolsonaro (PSL) produz um movimento político – o “bolsonarismo” – equivalente em peso, à direita, ao “lulismo”. Porém é inquestionável a força avassaladora desse fenômeno por todo o país, das grandes cidades aos rincões, com militância tão ativa quanto a petista. No primeiro turno, ele venceu em 18 estados e Distrito Federal. Lembra Lula em 2006, vitorioso contra Geraldo Alckmin (PSDB) ao ganhar em 19 estados e DF, reelegendo-se no segundo turno.

Em 2002, sua primeira eleição, Lula alcançou 46,44% dos votos válidos no primeiro turno e somou 39.455.233 votos, com vitória em 23 estados e DF, contra José Serra (PSDB).

No primeiro turno deste ano, Bolsonaro obteve 49.276.990 votos (46,03%). Encarou 12 adversários, contra cinco de Lula àquele ano. Em 2002, o PT fez 90 deputados federais, puxados por Lula. Foi a maior bancada (aumento de 55,2%).

Em 2018, o partido de Jair Bolsonaro, o PSL, elegeu 52 deputados federais e virou a segunda maior bancada da Câmara. A sigla só perde para o PT, que teve 56 candidatos eleitos. Em 2014, só elegera um parlamentar, saltando para oito devido transferências no curso da atual legislatura. Em 2002, Lula venceu o segundo turno com 52.793.364 (61,27%). Jair Bolsonaro poderá superar essa marca recorde no país.

Mais pesquisas serão divulgadas – Na quarta-feira (17), o RN terá pesquisa do Ibope para Governo do Estado no Segundo Turno. Também haverá pesquisa do Instituto Seta. Mais dois trabalhos que devem tirar o fôlego de muita gente.

Tio e sobrinho devem participar de discussões políticas em Mossoró – Primeiro suplente de deputado federal na Coligação Renova RN, o ex-prefeito de Almino Afonso, Lawrence Amorim (SD), terminou eleição com 10.153 votos em Mossoró. Seu tio e também ex-prefeito do mesmo município, o médico Bernardo Amorim (Avante), foi eleito à Assembleia Legislativa com 42.049 votos, o terceiro mais votado à Casa. Só em Mossoró, ele obteve 4.543 votos. Os dois, mesmo em faixas político-eleitorais distintas, querem participar das discussões políticas em Mossoró, com vistas ao pleito de 2020. Muito do que acontecerá adiante, logicamente, dependerá do resultado do segundo turno.

EM PAUTA

Cartola – O espetáculo teatral-musical “Cartola simplesmente divino” vai ser apresentado à noite da próxima quinta-feira (18) no Teatro Riachuelo, no Midway Mall em Natal. Retrata a vida e a arte do compositor Cartola.

Dom Mariano – Dom Mariano Manzana, sexto bispo de Mossoró, completará 14 anos de bispado nessa quarta-feira (17). Sua posse aconteceu no dia 17 de outubro de 2004, na Catedral de Santa Luzia.

Advogados – A disputa pela controle da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seccional do RN, promete ser mais acirrada do que nunca este ano. As eleições vão ocorrer no próximo mês.

Dia 12 – Marília Mendonça, a dupla Zé Neto & Cristiano e Cavaleiros do Forró serão as trações da tradicional festa do dia 12 de Dezembro, véspera do feriado de Santa Luzia em Mossoró. A promoção é da empresa Gondim & Garcia.

SÓ PRA CONTRARIAR

Eleição no RN é baseada no artificialismo estratégico antipetismo x antioligarquias. Assim, nenhum dos lados precisa tratar do que realmente interessa.

GERAIS… GERAIS… GERAIS…

Prepare-se: o horário de verão começará no dia 4 de novembro próximo. Relógios precisarão ser adiantados em uma hora. Nós, desse lado de cá, ficaremos com um cochilo a mais.

Obrigado à leitura do Nosso Blog Walter Gomes (Brasília),  Paulinho Almeida (Mossoró) e  Jânio Rêgo (Feira de Santana-BA).

Veja a edição anterior da Coluna do Herzog (01/10) clicando AQUI.

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Categoria(s): Coluna do Herzog

Comentários

  1. João Claudio diz:

    A foto e o fato (a segunda, vista de cima para baixo).

    A imagem sugere que o elemento vestindo vermelho e ostentando um vasto bigodon faz um gesto de saudação ao chefe da quadrilha PTralha:

    – Heil, Lula.

    O cidadão em primeiro plano à esquerda da foto, ergue às mãos aos Céus, olha para cima e diz:

    – Ave, Lula.

    O careca à direita olha para o chão e resmunga:

    – Aleluia!!! Aleluia!!! Aleluia!!!

    O ‘gópi’ sorri, aplaude e fala para si mesma:

    – ‘Incantamus’ maiz un.

  2. Inácio Augusto de Almeida diz:

    O PT abandonou Lula?
    Nas fotos ele não aparece mais e o vermelho foi trocado pelo verde e amarelo.
    Na propaganda eleitoral o nome do Lula não é mais citado.
    Por quê?
    ///
    OS SONHOS SÃO LINDOS. PENA QUE TENHAM FIM.
    Inácio Augusto de Almeida

  3. Teodosio diz:

    Na minha opinião, quer as pessoas gostem dele ou não, porém Bolsonaro é o maior fenômeno político da história do Brasil. Senão vejamos, Lula teve toda uma estrutura sindical por trás dele, até formar o seu partido em 1982 e participar de três campanhas, e somente vinte anos depois é que conquistou seu primeiro mandato para a presidência. Bolsonaro há dois anos atrás ninguém o conhecia, era um deputado do baixo clero, e veio para essa campanha sem partido, pois alguns lhe negaram a legenda, sem tempo de TV, sem dinheiro para bancar a campanha, com quase toda a imprensa contra sua candidatura, e somente com o apoio das redes sociais de seus seguidores chegou aonde está hoje. É realmente um verdadeiro fenômeno.

  4. François Silvestre diz:

    A maior rejeição, talvez a única significativa, a Bolsonaro é exatamente no Rio Grande do Norte. De quem é esse combo?

  5. João Claudio diz:

    Se Tiririca tivesse ao menos 1/2 quilo de seriedade, ele também venceria o Poste.

    O eleitor tá cum nojo das velhas raposas.

    O PT esqueceu que é o partido mais corrupto da história do brasil. O Lula estava convencido de que tinha ENCANTADO 100% da nação. Ele ainda SE ACHAVA ele, só ele, apenas ele e ninguém mais. Errou feio, passou batido, vai continuar recolhido na PF e falando mal Xerife, ‘O HOMEM DO ANO’ eleito por todos os cidadãos HONESTOS do brasil. Fato, fato e fato.

    P.S – O Sapo Barbudo dispensou o Ciro, porque previu que ele poderia atrapalhar os planos da quadrilha de bandidos quando o Haddad assumisse o poder.

    Tradução:

    O Sapo queria ‘COMER’ sozinho. Fato, fato e fato.

    O povo recuperou a memória (Ave, Povo) a partir de 2005.

    Hoje, todos sabem quem é o PT.

    P.S – O ‘gópi’ cai na próxima pesquisa.

    ANOTEM.

  6. Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Jornalista Carlos Santos. Não posso dizer que esteja votando na mais completa segurança. Não estou. No entanto, eis o nome do meu voto: “voto tático”. Consola.
    Rosalba é mãe dos IF’s. Precisou se manifestar porque alguém quis assumir essa maternidade.

    • Naide Maria Rosado de Souza diz:

      Maternidade proveitosa, ” que se diga.”

    • Sergio diz:

      Rosalba é mãe dos IF´s? Institutos Federais criados no governo Lula e Dilma? Como se deu essa maternidade? A senhora poderia explicar? Rosalba, aliada de José Agripino, maior líder de oposição aos governos petistas. Isso só prova que o governo do PT destinou obras ao RN, mesmo sob um governo de oposição e com o risco de, no futuro, a governadora querer se apropriar da maternidade das obras, como está acontecendo.

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